Marjorie Estiano é Milene, uma presidiária, em “Paraíso Perdido”, novo filme de Monique Gardenberg. “Foi pelo afeto que tenho pela Monique e pela autoralidade dela que fiz questão de aceitar esse convite. Ela é superousada e criativa, extremamente culta, tem o dom de misturar elementos imprevisíveis, fora do óbvio… Já trabalhei com ela no teatro e na música. Quando você já conhece a pessoa, o processo fica mais fluido. Se torna familiar: ela já confia em você e você nela, já sabe dos defeitos e das qualidades…”
“You’re So Vain”
O longa é sobre um pai [Erasmo Carlos] que larga a carreira acadêmica para realizar o sonho dos filhos. Ele abre uma boate de música romântica/ brega e a família toda se apresenta lá… “A Monique teve a ideia de ter uma versão brega em português de ‘You’re So Vain’… Ficou incrível. Essa liberdade de fazer essas misturas dar certo, isso é inspirador… Misturar timbres, gêneros e gerações…”
Força suficiente
Sobre o gancho central da trama… “A história do Erasmo sintetiza bem: a gente abre mão de muita coisa em função de amor… De pai, mãe, marido, filho… Esse sentimento tem força suficiente pra fazer você abrir mão de coisas, fazer suas escolhas e ser feliz com elas. É isso que rege o filme: o amor”.
Jam session com Seu Jorge
Seu Jorge também está no filme. “Ele vive com radinho e violão na mão. Nos bastidores, se está esperando para rodar uma cena, aproveita para estudar. É impressionante como ele é empenhado, dedicado à música. A gente teve esse momentinho jam session nos intervalos…” E pra quem não sabe Julio Andrade, que também está no elenco, antes de se firmar como ator cantava e tocava violão em barzinhos… “Ele pinta também e tira fotos lindamente, é um artista completo mesmo”.
“Sob Pressão”: spoiler
E é com Julinho que Marjorie repete outra dobradinha, na série “Sob Pressão”, da Globo, na qual os dois são médicos de um hospital público e vivem situações extremas. Teve spoiler da segunda temporada na entrevista, Glamurama já avisa… “Nesta temporada, minha personagem, Carolina, vai ter cada vez uma afinidade maior com o personagem do Julio. Eles se casam e depois ela vai voltar a ter essa sombra da história do abuso que sofreu [do pai]. E isso vai permear um pouco alguns episódios, fazer com que ela tenha escolhas equivocadas dentro da profissão até… Ela ainda vai ser um pouquinho assombrada por isso”.
Sem remoer
“A Carolina tem conflitos bem desgastantes e uma demanda física muito grande: puxar maca, carregar acidentado… É desgaste físico e emocional… O exercício que faço é buscar ‘entregar’ tudo no fim do dia de trabalho e aquilo não ficar rendendo dentro de mim em casa… Nem sempre é possível”.
#merepresenta
Sobre a função social da série… “Se ela tem alguma pretensão é a de poder instruir e denunciar, revelar, mobilizar e transformar – e mostrar onde está o compromisso e a responsabilidade dos médicos dentro dessa realidade. A maioria dos profissionais de saúde que fala comigo se identifica muito com a série, o que é lamentável, mas ao mesmo tempo lá tudo isso é denunciado. A gente pega o telespectador desarmado porque é entretenimento, não é mais uma matéria de jornal sobre a calamidade da saúde pública, não fica tão banalizado. Ao contrário: comove. A gente vê no jornal as pessoas dizendo que não conseguem ser atendidas e na série o médico tentando atender e não conseguindo, então esses profissionais se sentem representados”. (por Michelle Licory)