Marina Abramovic quer mais tempo: “A arte virou commodity”

Marina Abramovic na abertura de “Terra Comunal” no Sesc || Crédito: Beatriz Chicca

“A arte virou commoditty, o mercado está tomando conta da arte.” É com urgência e em clima de protesto que Marina Abramovic abre a exposição “Terra Comunal” no Sesc Pompeia, que conta a trajetória da artista e traz, com ela, um grupo de oito brasileiros adeptos da arte performática, escolhidos com a ajuda de Paula Garcia, discípula do instituto em Nova York que leva o nome da artista. Além disso, Marina ficará em São Paulo nos dois meses de duração da exposição, fazendo palestras e convidando o público a participar da experiência criada no instituto, o Método Abramovic. “A tecnologia tirou tudo de nós, todo nosso tempo, não temos tempo para estar com a gente mesmo”, é esse tempo que Marina tenta alcançar pelo método.

Nós jornalistas experimentamos o método antes de Marina nos ceder uma entrevista coletiva. Em primeiro lugar, deixamos relógios e celulares em um armário para começar uma preparação comandada por Marina e sua assistente via gravação em vídeo. Marina surge de camisa abotoada até o colarinho e jaleco brancos, lembrando uma personagem de filmes antigos de ficção científica e nos orienta a fazer exercícios de respiração e toques para energizar olhos, ouvidos, nariz e boca depois de friccionar as mãos. Hora de ir para o método: colocamos fones de ouvido para estarmos no silêncio completo e ficamos primeiro de pé, em frente a um dos objetos transitórios de Marina, de madeira e cristais. Não é fácil, isso porque a versão para a imprensa foi reduzida, enquanto ficamos na mesma posição por 15 minutos, o público vai ficar por meia hora. Depois vamos para as cadeiras, também de madeira e cristais. Confesso que dei uma cochilada rápida, a cabeça caindo e o susto na volta à realidade. Feito nada difícil para quem dorme até na cadeira do dentista. Quando levantamos da cadeira é hora de andar em câmera lenta, seguindo um dos facilitadores. Na minha opinião, a melhor das experiências: a gente começa desequilibrando um pouco e depois pega o ritmo, como em uma esteira de academia, mas com calma. Finalmente, hora de deitar nas camas de madeira com cristais; impossível não tirar outra soneca… Quando sou acordada com delicadeza por uma das facilitadoras, entrego os fones de ouvido e volto ao trabalho, só que mais revigorada. Gostei.

Para estarem com Marina na exposição, os artistas brasileiros foram para o campo com ela para viver o que ela chama de “cleaning the house”, uma espécie de purificação, vivendo dias sem comer e falar, “para os brasileiros o mais difícil foi não falar”, brinca ela. O treinamento é necessário, já que o grupo fará suas performances por dois meses, oito horas por dia. “Eles estão gordos demais, comem demais, bebem demais”, censura Marina, que compara o trabalho ao de bailarinos. Siga a seta e confira os trabalhos dos brasileiros e cliques da exposição que conta a carreira da artista.

Por Verrô Campos

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“Terra Comunal – Marina Abramovic + MAI”
De 10 de março a 10 de maio
Sesc Pompeia, Rua Clelia, 93, Pompeia

 

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