Maria Bopp, ou Blogueirinha do Fim do Mundo, solta o verbo na Revista J.P: “Sei dos privilégios que tenho por ser loira, de classe média alta”

A atriz e cineasta de 29 anos tem como alter ego a Blogueirinha do Fim do Mundo, um fenômeno no Instagram que explodiu na pandemia. Com crítica social e muita ironia, a paulistana Maria Bopp explica, por exemplo, a atual situação política do país com um tutorial de maquiagem. Debochando das influenciadoras digitais, ela se tornou uma, com quase meio milhão de seguidores. “O tiro saiu pela culatra, né?”, diz, com bom humor. (por Fernanda Grilo)

J.P: UM TALENTO QUE NINGUÉM CONHECE?
MARIA BOPP: Sei desenhar o Bidu da Turma da Mônica em 13 segundos.

J.P: QUANDO MENTE?
MB: Na análise. Brincadeira…

J.P: RIR É O MELHOR NEGÓCIO OU RIR PARA NÃO CHORAR?
MB: Rir para não chorar. Descobri no riso uma boia em que me seguro.

J.P: VOCÊ IRONIZA AS INFLUENCIADORAS DIGITAIS, MAS FAZ SUCESSO COMO INFLUENCIADORA. COMO LIDAR COM ISSO?
MB: O tiro saiu pela culatra, né?

J.P: SENTE O PESO DA RESPONSABILIDADE?
MB: Como falo de política, agora, com as eleições, vi minha responsabilidade aumentar. Tenho medo do cancelamento, então evito ser invasiva ou falar daquilo que não sei.

J.P: POR QUE TEM RECEIO DE SER CANCELADA?
MB: Sei dos privilégios que tenho até por ser loira, de classe média alta, mas não quero ser uma sem noção e me descuidar por algum motivo que não está no meu radar.

J.P:QUEM GOSTARIA DE CANCELAR?
MB: Sara Winter, os MBLs… Imagina se pudesse apertar um botão de ‘mute’ nessas pessoas equivocadas e perigosas?

J.P: O MUNDO ACABOU E A GENTE NÃO PERCEBEU?
MB: Está em processo.

J.P: O QUE É O FIM DO MUNDO PARA VOCÊ?
MB: Um governo com falta de liderança no meio de uma pandemia sem precedentes, sem saber o que é certo e errado, que normaliza a morte.

J.P: A PRIMEIRA COISA QUE VAI FAZER QUANDO A PANDEMIA ACABAR?
MB: Uma festa com o tema: trintou e vacinou. Tenho até medo de tanta festa que vai ter. Pretendo ir ao posto de gasolina com roupa de Carnaval, mesmo sem gostar de Carnaval e nunca mais vou negar um rolê.

J.P: O QUE DIRIA PARA O CORONAVÍRUS?
MB: Vai tomar no meio do c*. Já entendemos o recado, recolha-se.

J.P: VÍDEO DOS SONHOS?
MB: Me infiltrar em uma manifestação a favor do Bolsonaro para mostrar como as pessoas se comportam, mas tenho medo de me esculacharem.

J.P: FAKE NEWS QUE AJUDARIA A ESPALHAR?
MB: Bolsonaro mandando todo mundo usar a máscara e também que ele é de esquerda.

J.P:O QUE NÃO SAI DA SUA CABEÇA?
MB: Bolsonaro vai ser reeleito?

J.P: COMO ANDA SUA CRIATIVIDADE NA QUARENTENA?
MB: No início, achei que tinha que ser muito produtiva para surfar essa onda. Na “segunda temporada” da quarentena, entendi que é um momento atípico e não preciso me forçar a nada. Rola uma cobrança do bem, mas às vezes quero ser a Maria e não a Blogueirinha.

J.P: APRENDEU ALGUMA COISA DURANTE O ISOLAMENTO?
MB: Cozinhar. Detesto e sempre foi só para sobreviver. Prova o quanto somos adaptáveis.

J.P: MANIA?
MB: Roer unha.

J.P: VÍCIO?
MB: Sou chocólatra. Inclusive estou em uma fase de abstinência porque preciso emagrecer por causa de um papel…

J.P: SE PUDESSE MUDAR ALGUMA COISA EM VOCÊ, O QUE SERIA?
MB: O vício em celular. Sou mais desconcentrada agora.

J.P: UMA EXTRAVAGÂNCIA?
MB: Em 2018, me chamaram para fazer um trabalho na Europa por três dias. Aproveitei que a passagem estava paga e fiquei 20. Riqueza total.

J.P: UMA FRASE?
MB: “O que ela (a vida) quer da gente é coragem.” Frase final de um texto de Guimarães Rosa.

J.P: O QUE UMA MULHER FAZ QUE O HOMEM NÃO FAZ DE JEITO NENHUM?
MB: Acho muito “de jeito nenhum”.

J.P: UMA PESSOA?
MB: Gosto de gente.

J.P:COMO GOSTARIA DE MORRER?
MB: Rápido, velha e dormindo.

J.P: DO QUE SENTE SAUDADE?
MB: Da minha avó, Maria Elvira, que morreu no meio da pandemia. É uma saudade recente.

J.P: QUEM É O INFLUENCER DOS INFLUENCERS?
MB: As pessoas que eu gosto não vivem disso, mas me influenciam pelo conteúdo: Djamila Ribeiro, Gabriela Prioli e mais.

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