Marcelo Tas completa 55 anos nesta segunda-feira, cheio de novos projetos pela frente. O jornalista e apresentador deixa o “CQC”, após quase sete anos em frente à bancada, mas já completamente envolvido em sua nova série, à lá Ernesto Varela – repórter fictício que ironizava personalidades políticas nos anos 80 -, ainda sem canal definido. Ao pensar em sua saída, Tas revelou que o primeiro nome que veio à mente para substituí-lo no “CQC” foi o de Andréa Beltrão: “Seria uma âncora inusitada e espetacular”. Marcelo Tas tem contrato com a Band até o fim deste ano.
Por Denise Meira do Amaral
Glamurama – Tas, como é chegar aos 55?
Marcelo Tas – Aprendi que o melhor da vida é o estado de estar sempre aprendendo coisas novas. Quando a gente atinge este estado, os números da idade desaparecem. A cabeça fica ótima. Aí só resta cuidar bem do corpinho, senão a diversão não é completa.
Glamurama – Como era o Tas com 20 anos e como é o Tas de hoje em dia?
Marcelo Tas – Aos vinte, tinha cabelos longos e cacheados, era curioso e me divertia com o trabalho, era um caipira do interior de São Paulo, remasterizado em Nova York, que amava cultivar plantas, a família e as amizades. Hoje, creio que só perdi os cabelos cacheados.
Glamurama – Como vai ser o novo programa inspirado no personagem Ernesto Varela?
Marcelo Tas – Vamos recuperar o acervo completo de vídeos do Varela. São mais de 50 minidocumentários que percorrem os anos 80 e início dos 90. Toda a transição da ditadura para a democracia, além de viagens para a ex-União Soviética, Cuba e Serra Pelada. Mas eu não vou promover a ‘volta’ do Varela. Estamos criando uma série com cenas filmadas nos dias atuais, com linguagem contemporânea, para contextualizar material histórico para as novas gerações. Vai ser uma série, originalmente desenhada com cinco episódios, que podem chegar a no máximo 13. Creio que tem mais a cara de TV por assinatura, mas quero ouvir primeiro a Band, em respeito à nossa história até aqui. Agora não conto mais, para não atrapalhar a surpresa.
Glamurama – Acha que após sete anos o “CQC” precisa ser reformulado?
Marcelo Tas – Creio que o “CQC” deveria sair mais do padrão engessado do formato argentino. Soubemos conquistar o público justamente com particularidades do nosso jeito de fazer TV. Tenho certeza que poderíamos avançar mais se fosse possível injetar mais verde-amarelo no branco e preto do “CQC”.
Glamurama – Aposta na volta de Rafinha Bastos?
Marcelo Tas – O Rafinha é talentoso. Quando fica disponível para o trabalho em grupo, as chances de sucesso são sempre altas.
Glamurama – Se pudesse escolher qualquer pessoa, quem você gostaria que ocupasse o seu lugar na bancada do “CQC”?
Marcelo Tas – O Dan Stulbach é uma excelente escolha, sou fã dele e creio que dará conta de renovar a ‘bagaça’. No ano passado, quando pensei na minha saída pela primeira vez, pensei que a Andréa Beltrão seria uma âncora inusitada e espetacular no comando do “CQC”.
Glamurama – Gostaria de voltar a fazer um novo programa infantil?
Marcelo Tas – Sim, amo trabalhar para crianças! Estou viajando na quinta-feira para gravar a segunda temporada do “Papo Animado”, a série atual na qual contraceno com desenhos no Cartoon Network. Tenho muita vontade e ideias para outras histórias com crianças.
Glamurama – Como avalia a programação infantil na TV hoje em dia?
Marcelo Tas – Praticamente, com exceção da TV Cultura, a TV parou de investir em programação de qualidade para o público infantil. É um tiro no pé. Quem vai assistir TV daqui a 10 anos?
Glamurama – Qual é a verdadeira revolução que a internet proporciona?
Marcelo Tas – A internet é a materialização da Torre de Babel. É, ao mesmo tempo, um diálogo descontrolado e a maior liberdade que já experimentamos na comunicação. Esta é sua virtude e ao mesmo tempo a sua armadilha cruel. Para usá-la bem temos que aprender a ouvir com o coração tranquilo e com a criatividade sempre em dia. Quero me dedicar cada vez mais a entender e participar dessa mudança gigantesca que todos nos estamos vivendo agora mesmo.
Glamurama – Você sente saudades? Do quê?
Marcelo Tas – Desde a infância a vida tem sido uma aventura e tanto. Tenho uma imensa gratidão a papai do céu por tudo que aconteceu. Às vezes, tenho saudades dos que já se foram, mas não tenho qualquer tipo de nostalgia.
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