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Maitê Proença nas novelas "O Salvador da Pátria" e "Felicidade": áureos tempos?
Maitê Proença nas novelas “O Salvador da Pátria” e “Felicidade”: áureos tempos? || Créditos: Reprodução
Maitê Proença nas novelas "O Salvador da Pátria" e "Felicidade": áureos tempos? || Créditos: Reprodução
Maitê Proença nas novelas “O Salvador da Pátria” e “Felicidade”: áureos tempos? || Créditos: Reprodução

Em entrevista ao Glamurama, essa quarta-feira durante o lançamento do livro “Unidos do Outro Mundo – Dialogando com os Mortos”, o primeiro de ficção de Boni [ex todo-poderoso da Globo], Maitê Proença acabou fazendo um desabafo sobre uma certa ineficácia do novo modus operandi da emissora.  Vem ler! (por Michelle Licory)

“Duzentos capítulos de um erro vira um erro muito grande”

“O Boni era uma pessoa que decidia, tinha opinião, sabia do que estava falando, conhecia televisão como ninguém. Era uma época em que o comando estava na mão de quem entendia do departamento artístico. Essas pessoas conceberam a TV Globo ideologicamente e artisticamente, então eles tinham uma compreensão do todo. Não existem mais essas pessoas, tão completas. Antigamente a gente sabia que quando estava entrando em uma história, aquilo tinha sido analisado nos mínimos detalhes. Eu vi o Boni mandar refazer um capítulo inteiro porque o cenário era bege. A atriz principal era muito clara e não tinha destaque. E ele tinha toda razão. Aquilo fazia muita diferença porque ia durar duzentos capítulos. Duzentos capítulos de um erro vira um erro muito grande, então esses erros não aconteciam porque tinha uma pessoa supervisionando”.

“Não é má vontade”

Tudo bem, mas era uma época de hegemonia da Globo, com muito dinheiro para investir, não é, Maitê? “Eu acho que hoje a gente gasta mais dinheiro com equívocos, consertando equívocos, por falta de planejamento, por falta de ter essas pessoas com poder e capacidade de olhar e saber. Não é má vontade, mas tem muito mais setores, que têm que conversar entre eles. Antes a estrutura era menor, mais centralizada na verdade. Só que era centralizada em cima de uma pessoa que não existe mais. Essa figura que conhece porque começou a vida fazendo isso: sabe como funciona uma câmera, como se faz um cenário, a roupa da atriz, como a história tem que ser contada, o que é um folhetim”.

“Quando não sabia, perguntava para o Boni. E ele sabia”

“Nós estamos em um momento em que o mundo também está mudando muito, então as dificuldades que a televisão tem hoje não são só gerenciais. A gente não sabe com quem está falando: quem é o mundo, quem são as pessoas que estão assistindo. Eu, quando era criança… As pessoas da minha idade achavam que iam se aposentar aos 50. O pai comandava a família, o chefe da empresa era chefe da empresa, agora é tudo sócio. A ordem do mundo mudou. A mocinha não é mais a mais querida, e sim a má. Se você não sabe para quem está endereçando sua história… Naquela época a gente sabia, e quando não sabia, perguntava para o Boni. E ele sabia”.

“Hoje as perguntas ficam sem respostas”

“Falei o que falei. O Boni era uma pessoa completa. Ele tinha as respostas. Ele era um gênio, mas não um abstrato, com uma varinha de condão e aí as coisas davam certo… Ele era um gênio porque tinha muita experiência em todos os setores. Hoje as coisas são mais específicas, divididas. É tudo muito mais complexo. Eu acho que o Boni funciona sempre, mesmo com todas as mudanças no mundo, e que a gente deveria ouvi-lo como consultor. Ele tem muito o que dizer sobre os dias de hoje. Ele aprovou histórias e esteve certo. Não porque foi bem dotado, mas porque trabalhou pra caramba. Quando alguém não sabia o que fazer, qualquer setor, até figurino, se ia usar computação gráfica ou não… Todas as perguntas tinham respostas e hoje as perguntas ficam sem respostas. Por muitos fatores. Porque o gerenciamento mudou e porque o mundo mudou e a gente não sabe que mundo é esse. Era bom porque você se atirava, mas se atirava em um lugar mais seguro. Antes alguém sabia o que fazer ali, então você podia se jogar mais”.

 

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