“Madame X”, a nova turnê intimista de Madonna, estreia em Londres com recepção morna da imprensa

Madonna em três momentos: deixando o London Palladium (esquerda), no palco do teatro (centro), e dividindo a cena com Gaspar Varela || Créditos: Reprodução

Aos 61 anos e dona de uma fortuna estimada em US$ 850 milhões (R$ 3,6 bilhões), Madonna merece respeito por ser uma artista que, mesmo estando permanentemente no auge, faz questão de sempre mostrar que seu forte mesmo é se renovar. Essa é a avaliação de Ludovic Hunter-Tilney, crítico de música do “Financial Times”, que nessa quarta-feira foi conferir o show de estreia da turnê lançada em setembro pela cantora, a “Madame X”, no tradicional London Palladium, um dos teatros mais famosos de Londres. Mas a empolgação do jornalista ficou só mesmo na capacidade de Madge (e quase que uma necessidade) de mostrar ao público que o melhor sempre está por vir.

Em sua análise sobre a apresentação, que aconteceu em um Palladium lotado mesmo apesar dos ingressos custando em torno de £ 500 (R$ 2.775), Hunter-Tilney lembrou que Madonna é a artista solo com a maior bilheteria da história e que a essa altura da vida não precisa provar mais nada para ninguém. Dito isso, e nas palavras dele, em sua última tentativa de fazer justamente o contrário, a rainha do pop acabou criando uma performance “tão confusa quanto bizarra” que se resume mais pelos pontos baixos do que pelos altos e dificilmente garantirá à sua protagonista um lugar de destaque no universo que a deu ao mundo: o meio teatral.

Ainda assim, há o que elogiar, segundo Hunter-Tilney, como a inspiração portuguesa que é basicamente a alma de “Madame X”, e foi resultado da lua de mel recente mas já encerrada que Madonna viveu com Lisboa. Nesse aspecto, aliás, o adolescente Gaspar Varela, de 16 anos e neto de Celeste Rodrigues, meio que roubou a cena em um dos melhores momentos do show ao dividir o palco com ela para interpretar alguns fados famosos, ele na guitarra e a incansável diva na voz. Em seguida, a megastar mostrou que é gente como a gente e tomou um gole da cerveja de um fã que a assistia da primeira fila e, como todos os outros, sentado.

Os shows da “Madame X” foram pensados para serem mais intimistas, e em nada lembram as mega-apresentações em estádios lotados que sempre foram a marca registrada de Madonna. De certa forma, isso se tornou um problema para a turnê, uma vez que que os admiradores mais hardcore dela preferem vê-la em meio a muitos efeitos especiais e agitando multidões. Mas isso também requer uma disposição física enorme, que talvez a intérprete de “Vogue” não tenha mais. “Ficou clara, em alguns momentos, a dificuldade [de Madonna] para se movimentar”, contou Hunter-Tilney, que deu duas estrelas (de um total de cinco) para o novo trabalho da material girl. (Por Anderson Antunes)

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