No universo da política, onde reina o vale-tudo pelos holofotes, é comum ver personagens centrais polarizando opiniões. Mas poucas vezes na história do Brasil um desses personagens políticos foi capaz de reunir, na mesma proporção, tantos simpatizantes e opositores, como é o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula, que completa 75 anos de vida nesta terça-feira, desperta em alguns brasileiros os sentimentos mais primitivos. Ainda assim, quase todas as pesquisas eleitorais sobre a próxima corrida presidencial brasileira o colocam entre os favoritos, mesmo apesar da proibição legal que o impede de concorrer, resultado da perda de seus direitos políticos em uma condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.
Sem entrar no mérito da questão, Glamurama selecionou três momentos de glória e três momentos difíceis da biografia recente de Lula, que pretende celebrar a nova primavera em família. Confira:
EM ALTA
“Companheiras e companheiros”
O momento de maior glória da carreira política de Lula certamente aconteceu no dia 1o de janeiro de 2003, quando ele se tornou o 35º presidente do Brasil. Na ocasião, durante o discurso de posse que proferiu no Congresso Nacional, ele se emocionou e, chorando, disse: “E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de presidente da República do meu país”. Reeleito em 2006 para o cargo, ele deixou o governo com um índice de aprovação de 87%, e ainda conseguiu eleger sua sucessora, Dilma Rousseff.
“O político mais popular da Terra!”
Outro momento de glória do ex-presidente aconteceu em abril de 2009, em um encontro do G20, em Londres. Assim que avistou o colega brasileiro, Barack Obama, ainda em seus primeiros meses como presidente dos Estados Unidos, comentou com o ex-primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd: “Esse é o cara! Eu adoro esse cara! Ele é o político mais popular da Terra! Deve ser por causa da boa pinta”, Obama brincou. Para Lula, que passou boa parte da vida chamando os americanos de imperialistas, o episódio foi catártico.
“Dádiva de Deus”
Em 2006, Lula teve um dos melhores momentos de todo o seu governo quando a Petrobras anunciou a descoberta de Tupi, atual campo de Lula, na Bacia de Santos. A área concentra uma quantidade gigantesca de petróleo abaixo da camada de sal, e os grandes volumes de petróleo recuperável estimados tornaram a descoberta a maior notícia da indústria de energia mundial até então. Três anos mais tarde, quando anunciava as regras para a exploração do pré-sal, Lula soltou uma frase que hoje talvez soe premonitória: “O que era uma dádiva virou maldição”, disse o ex-presidente ao lembrar os países pobres que não souberam administrar suas riquezas naturais.
EM BAIXA
Pior pesadelo
Em março de 2016, após meses sendo acusado de ter cometido crimes que ele nega, Lula foi conduzido coercitivamente para depor na 24ª fase da Lava Jato, conhecida como Operação Alethéia. A manobra, inédita, de forçar um ex-presidente a prestar depoimento às autoridades, foi justificada pelo então juiz federal e futuro ministro da Justiça Sérgio Moro, autor da decisão, como uma maneira para evitar tumultos. Mais tarde, a um grupo de aliados, Lula teria dito que nem em seu pior pesadelo imaginou uma situação parecida.
Posse negada
Dias após o episódio, Lula se tornou ministro ao assumir a Casa Civil após convite da então presidente Dilma Rousseff. A permanência dele no cargo durou menos que 24h, já que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes suspendeu a nomeação dele, alegando que Lula teria a intenção de atrapalhar as investigações sobre ele na Lava Jato. Os advogados do petista negaram que fosse essa a intenção.
Lula réu
Já em setembro de 2016, Lula se tornou réu pela primeira vez em uma ação da Lava Jato, após denúncia contra ele aceita pelo juiz Sérgio Moro. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-presidente foi denunciado junto com a mulher, Marisa Letícia. Lula se referiu à denúncia como “uma grande mentira”, e ironizou: “Agora, precisa concluir a novela. Quem é o bandido e quem é o mocinho? Vamos agora dar o fecho, acabar com a vida política do Lula”, ele disse. (Por Anderson Antunes)