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Joyce Pascowitch com a empresária Luiza Helena Trajano || Créditos: Reprodução
Joyce Pascowitch com a empresária Luiza Helena Trajano || Créditos: Reprodução

Inspiração, união e muito aprendizado. Esses foram os pilares da ‘live’ comandada por Joyce Pascowitch, nesta quinta-feira, com a empresária Luiza Helena Trajano, capa da edição de aniversário da PODER. A conversa reuniu internautas do Brasil e do exterior que tiveram uma verdadeira aula de como lidar melhor com os limites impostos pela pandemia do coronavírus.

Por isso, Glamurama selecionou os pontos principais do papo que vão ajudar a enfrentar os desafios desses tempos de crise, como será o futuro – é possível prever? -, ações racionais e emocionais e mais um monte de estímulos para vencermos mais esta batalha.

Saúde X Negócios

“Assumi como CEO da companhia em meio à crise do governo Collor, a empresa não tinha caixa. Tanto que agora estou lutando pela pequena e média empresa porque o que é precisar do faturamento do dia para pagar as conta. Tenho uma cabeça que funciona com foco na solução, fui criada assim. Neste momento, a saúde tem que estar em primeiro lugar, porque isso você não domina, e o resto é possível ver o que você pode fazer por você mesmo.”

“Tenho sido orientada a ficar em casa pela Dra. Glória Brunetti, médica infectologista e líder do Comitê de Saúde do Grupo Mulheres do Brasil, – presidido por Luiza e que tem como intuito engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o país.”

“Só vamos reabrir as lojas quando tudo estiver bem. Por enquanto, estamos trabalhando com vendas online pelo Magalu e dispensamos os colaboradores vulneráveis. Nosso centro de distribuição é higienizado por empresas técnicas, com vários turnos de trabalho para evitar aglomerações e outras medidas. Agora incluímos no site os parceiros Magalu, que podem entrar e vender tudo, criar sua loja no nosso espaço virtual.”

“Tenho feito uma campanha para não demitir os colaboradores, junto com outros empresários, e o Magalu não quer demitir nesse primeiro momento, mas não sei como vai ser daqui quatro meses. Meu propósito agora é ajudar para não chegar ao ponto das demissões porque quem não estava capitalizado não vai aguentar. Quero ver o dinheiro chegar à conta, esse é o meu objetivo.”

E o Brasil?

“Os políticos não podem pensar em eleição neste momento, agora é salvar a saúde e a economia, por mais difícil que seja vamos dar um jeito. O Instituto para Desenvolvimento do Varejo colaborou com o governo para criar as medidas de ajuda à economia, que foram muito boas e feitas em 10 dias. Neste momento, não tem déficit, tem que tirar o dinheiro para ajudar a todos. A gente não valoriza muito o Brasil que é muito complexo por conta da Constituição, graças a Deus, que não deixa as pessoas fazerem tudo.”

“Não estou criticando (o governo), não dá para criticar agora, temos que estar juntos.”

“Falam muito na internet que sou PT, mas nunca me filiei a nenhum partido. Hoje temos 40 mil funcionários que sabem da minha atitude, e respeito a não unanimidade.”

“Estou com quem e o que precisa ser feito. Tem muita gente boa trabalhando no setor público também.”

“O SUS é um dos melhores sistemas de saúde do mundo em países com mais de 100 milhões de habitantes. O problema está na gestão que precisa ser mais profissional e já faz muitos anos que tenho falado isso em minhas palestras. Não dá para mudar todo o trabalho de quatro em quatro anos, quando o governo muda. Isso é o problema.”

“Precisa acabar esse negócio de direita e esquerda e pensar como vamos acudir o mundo.”

“O Brasil falhou em não investir na ciência como se deve nestes últimos dois anos. Somos referência nos estudos das Aids e da tuberculose, existem cientistas brasileiros trabalhando no exterior e são os melhores do mundo. O bom é que vamos voltar a investir nisso e valorizar.”

 Presente e Futuro

“Aconselho se juntar às instituições sérias, pode do seu bairro, pessoas próximas, amigos e ajudar. Se você sabe o destino, faz acontecer. Onde o Grupo Mulheres do Brasil está presente, temos feito e entregue direto às pessoas. Não é dar por dar, mas voltar para si mesmo, se reinventar, como você fez, Joyce, e enfrentou a todos quando decidiu sair da Folha de S. Paulo para encontrar novos caminhos na profissão. Como fiz quando tirei as “paredes” e comecei a investir em pessoas, o que não acontecia no varejo. Demorou mais de 10 anos para entenderem isso e sempre me perguntei: Será que estou no caminho? Deu lucro? Enfrentei a pressão do mercado por estar no comando do Magazine Luiza, a revolução tecnológica que fizemos na empresa…”

“Tem que encontrar o que te centra, o medo bloqueia, paralisa, então tem que entender o que te paralisa. Escrevo bastante, algo parecido com um diário, e quando estou me perdendo, é nisso que me concentro.”

Nesse momento que chegamos à terceira semana de quarentena existe uma baixa muito grande. Então, temos que fazer que nem startup, nos reinventar. Acabei de entrar no Youtube e criei toda a marca em 24 horas com a ajuda da minha equipe que chama “PonderAÇÕES”. Não sei se vai dar certo, mas adoro errar na primeira porque você vai dar espaço para novos erros. Ninguém sabe de nada.”

“Temos que ter um nível espiritual mais evoluído, cuidar do nosso negócio e ver o que pode fazer diferente. Olhar pra 60% da população e nos movimentar para diminuir a desigualdade. Ajudar as cidades que precisam para as pessoas não passarem fome.”

“Não dá para explicar o que vai acontecer quando a quarentena acabar, mas acredito que leva uns dois anos para recuperar as empresas. Tem uma frase que gosto muito: ‘Primeiro faz o necessário, depois o possível e de repente você está fazendo o impossível.’”

Joyce e Luiza na live || Créditos: Reprodução

Liderança feminina

“É difícil falar como me tornei uma mulher inspiradora. Sigo o coração e a intuição, apesar de ser empresaria. Escuto muito! Tudo na minha vida é movido ao meu propósito: ser protagonista e não espectadora da vida. Esse sempre foi meu lema.”

“Sou filha única, e desde menina minha mãe sempre falou: “o que você pode fazer para mudar essa situação?”, quando tinha problema com alguém na escola, por exemplo. Ela sempre ensinou que a solução estava dentro de mim, não tinha dó. E também tive uma tia que era muito empreendedora e que falava: “não é a crise, tem que trocar o gerente” (risos).

“Nunca tive dó de mim e isso me ajudou, não perdi minha essência. Não é fácil para mulher, a gente tem que provar mais coisas. Mesmo na minha família tinha quem não acreditava e achava absurdo uma menina assumir a empresa. Comecei a trabalhar com 12 anos, com 17 assumi a gestão do Magazine Luiza e fui fazer faculdade em Franca (SP). Quando cheguei a São Paulo ninguém conhecia a empresa.”

“Sempre quis saber por que existiam empresas em que as pessoas eram felizes, mas não ia bem e ao contrário também. Sempre vai ter problema, mas o Magazine Luiza está há 21 anos entre as melhores para trabalhar. Nunca abrir mão disso, mesmo que tivesse que desvalorizar as ações. O que nunca deixei foi mexer no fluxo de caixa.”

“A minha gestão é orgânica, na empresa e na família: eu vou e faço como sinto e depois as pessoas me ajudam a entender o que estou fazendo (risos). Sempre vou para ação, sou caótica. Tanto que percebi que precisava me posicionar para as pessoas terem calma, que nada vai ser igual.”

“As mulheres precisam se ajudar ainda mais porque a violência cresce muito em situações como essa de isolamento. Se você ouvir algo, não tenha medo de denunciar, não podemos aceitar porque é ruim para todo mundo, ninguém ganha com isso. A gente tem que botar a colher sim.”

“É momento do coletivo e o ‘Mulheres do Brasil’ está fazendo isso há seis anos, trabalhamos no atacado e varejo. Não ficamos inventando a roda, a gente apoia as ações já existentes.”

“Em relação a esse momento, tem vezes que ainda acho que estou sonhando. Sou chorona, mas ainda não chorei nessa crise, mas fiquei muito mal porque vivi tudo o que todo mundo viveu: reneguei e desacreditei no começo, mas nesse momento eu precisava fazer um papel de líder cidadã.”

“Quando vejo todo mundo dando palpite, não sei o que isso vai virar ou se vamos mudar… A partir daí foi que busquei meu equilíbrio e vi que tinha que me expor nesse momento, mas não posso ser arroz de festa, mas tenho que me posicionar porque não tem esquerda nem direita, não dá para questionar e ficar dando receita. Temos que estar juntos para fazer o que é necessário.”

Família

“Minha família abriu mão de seus dividendos para arcar com os salários do mês de abril.”

“Não tem receita para criar filhos e minha mãe sempre disse: “você está tendo a coisa mais importante da vida que é filho. Tenha bom senso e dê muito exemplo, isso é crucial e não pegue culpa porque filho vai te dar e vão dizer que se ele for bom, Deus ajudou e se for ruim é porque você trabalhou. Tenho três filhos muito diferentes e comprometidos.”

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