Luiz Fernando Guimarães é mais um trunfo no elenco de “O Tempo Não Para”, novidade da faixa das sete da Globo. Ele é Amadeu, um milionário que se interessa por criogenia. “Dizem que Michael Jackson está congelado, que metade do cérebro do Walt Disney também… Sempre pensei nisso. Essa novela é legal, inovadora, entra na ciência, na matemática, na coisa futurista, se é real ou não… O Amadeu é um cara solitário, cheio de problemas, rico pra caramba, engraçado. É autocentrado, não tem ambições… Rico é rico. Quero aquela ilha, compro! Mas o cara tem problema de saúde, quer viver 200 anos – e tem todo o direito. Aí ele encontra nesses congelados a fórmula… Vai captar, conseguir o que quer… Depois a gente não sabe pra onde a história dele vai. Só quer conseguir se curar, e pra isso tem que ir atrás da ciência. Se só vão descobrir a cura em 200 anos, então me congela”.
“Não gosto de vida eterna”
Será que Luiz encararia ser congelado para acordar anos depois? “Acho um futuro terrível. Não gosto de vida eterna. A vida tem um tempo. A possibilidade futurista de querer dormir agora e, em vez de acordar amanhã, acordar daqui sete anos, por exemplo, é ficção, mas é um desejo para alguns, da mesma forma que seria tão bom ir à lua e voltar… Jamais me congelaria. Não quero ver o futuro, nem ir pra Marte. Mas esse assunto vem e você pensa: deve ser legal. Se fosse pra dar uma visitada, e não pra ficar… Se pudesse ir pra daqui a 100 anos, ver que está uma m@#&* e poder voltar…”
“Não gosto de me posicionar politicamente. Acho uma chatice”
Na situação em que estamos hoje em dia… “Você está falando de política? Acho que não seria um motivo, não. A política sei lá quando muda… Não é por esse lado deprê”. Esse não é mesmo um assunto que interesse… “Adoro redes sociais, sou viciado, quero saber o que as pessoas acham. Mas gosto de falar artisticamente. Não gosto de me posicionar socialmente, politicamente. Acho uma chatice, tem sempre prós e contras e sua página vira um debate político. Não acho o caso. Mas gosto das ferramentas. Gosto de me relacionar, estou na novela por causa disso”.
“Não, não estou com saudade”
Como assim? “Acho bom pra vida conhecer elenco”. Estava com saudades de fazer novela? “Não, não estou com saudade. É que o convite bateu, assim, veio num bom momento. Mas eu nem estava pensando nisso. Foi bom o almoço [com o diretor, Leonardo Nogueira], e sempre vou na intuição. Nem foi almoço, foi lanche. Ele falou que eu ia fazer um vilão que era a minha cara… Vilão vai de um limite a outro. Mocinho também pode ser um papel bom, mas é mais fácil colocar humor no vilão”.
“Não quero ficar de funcionário, não é uma posição muito confortável”
A Globo tem cobrado produtividade de seus atores. Veteranas como Maitê Proença e Malu Mader foram dispensadas por terem dado intervalos muito grandes entre um trabalho e outro… “Olha, nunca tive relação de funcionário com a empresa. Sempre trabalhei por obra certa. Não quero ficar de funcionário, não é uma posição muito confortável. Minha relação com a Globo sempre foi ótima. Falo se quero ou não quero, digo que tenho uma ideia… Na verdade, essa história de novela começou quando fui falar com o Silvio [de Abreu] porque tinha uma ideia de programa… Eu gosto muito do Silvio, ele de mim, e ele agora é diretor artístico, então é muito fácil. Fui lá e conversando ele falou: ‘Pô, Luiz, esse negócio de você não fazer novela…’. Eu disse: ‘Quem não faz novela? Faço, é só me chamarem. Claro, vai depender da novela’. Aí pronto. Uma semana depois o Leo me ligou… E aí a ideia do programa parei, né… Mas sempre tenho ideia pra programa. O conhecimento que o público tem de mim é de seriado. Acho que a última novela foi ‘Cordel Encantado’ [em 2011], e os seriados foram antes disso”.
“Não gosto de trabalhar muito. Já fui bancário!”
Rolou uma geladeira? “Tive vários momentos de geladeira. Mas não que me colocaram na geladeira. Eu que me congelo e vou pra vida. Não trabalho muito. Por quê? Porque não gosto de trabalhar muito. Já fui bancário! Não preciso mais. Gosto de viver, de sair. Sempre criei meus produtos. As pessoas falam que não vão me chamar porque não faço novela. Vai virando uma cultura e você não sabe como começou. Faço, sim, só não emendo”.
“‘Pô, tô sem saco pra fazer teatro’. Problema nenhum”
Puxa, e nunca teve medo de tirar esses períodos sabáticos e depois querer trabalho e não conseguir? “Sempre tive essa insegurança…E se não rolar mais nada? Ah, sempre rola esse tipo de pensamento, mas não relacionado exatamente à TV, e sim à minha competência. ‘Pô, tô sem saco pra fazer teatro’. Problema nenhum. Vou curtir a vida. Mas tem que guardar um dinheirinho. Tenho pais bancários, então sempre guardei dinheiro”.
“Depende da pessoa chata”
E quando vai curtir, será que Luiz se preocupa em ser visto, ser abordado? “Depende da pessoa chata. Eu gosto de sair e saio mesmo. Sou carioca, as pessoas aqui estão acostumadas a me ver no Rio. Não sofro isso, nem penso em assédio… E no momento que não estou a fim de ser visto, não saio de casa porque tem sempre alguém filmando”. (por Michelle Licory)