Aos 33 anos, Lucy Alves começa 2020 com o lançamento do “Live Session”, EP com cinco músicas que inclui releituras e uma composição inédita. Em papo com Glamurama, a cantora fala com carinho desse novo passo na carreira, a influência dos grandes músicos do Brasil e dos Beatles na sua carreira, e de sua porção atriz: O que faz diferença é ter a consciência de que tudo demanda tempo, então tem ano que pode acontecer uma novela, série ou filme e eu tenho que mergulhar na atuação. E tem momento, como agora em 2020, que a música toma conta”.
Ela também descreve a participação na novela “Amor de Mãe”, em que interpretou Lurdes na primeira fase e que agora tem Regina Casé como intérprete: “A Lurdes, para mim, representa a minha mãe e a mulher brasileira. Aquela que cuida dos filhos sozinha, que faz papel de pai e mãe, que busca comida e traz esperança. E a Regina? “Ela é um diamante do nosso Brasil. Merece tudo.” Tem mais na entrevista abaixo. (por Jaqueline Cornachioni)
G: Você começou 2020 com o lançamento de “Live Senssion”. Pode nos falar um pouco sobre esse novo momento?
Lucy Alves: Esse é um projeto muito bacana, de qualidade, e foi uma maneira de começar o ano com algo ligado à música. Isso é importante para os meus fãs, como para quem ainda não me conhece como cantora. Acredito que essa é uma maneira de expandir meu trabalho fazendo o que eu gosto: cantar.
G: Quais critérios usou para escolher as músicas desse projeto?
LA: Quis trazer algumas músicas que gosto e que conseguiria fazer uma releitura muito minha. Músicas do meu cancioneiro nordestino. São cinco canções no total, e uma delas é inédita. As músicas que componho, no geral, falam de amor e elas também são dançantes, não tem como fugir disso. Eu canto forró, que é um estilo de música pulsante. Mas, ao mesmo tempo, consigo falar de sentimentos e colocar a minha personalidade em todas elas. Ficou bem autoral.
Glamurama: O que te motivou a seguir o caminho da música desde tão cedo?
Lucy Alves: Não posso negar que teve influência da minha família: nasci em um ambiente musical e realmente amo cantar, tocar. Meus pais me incentivaram e potencializaram isso. Não vejo a minha vida sem música, e é muito difícil encontrar alguém que cante ou toque, e deixe de fazer isso um dia, a música nunca sai da vida das pessoas. Agradeço muito a Deus pelo dom que me deu e por ter a oportunidade de transformar isso na minha ferramenta de trabalho. Quero influenciar as pessoas positivamente e ajudar a representar o Nordeste brasileiro. Mais do que dinheiro, acredito que tenho a missão de levar a minha cultura para todos os cantos.
G: O último álbum que lançou foi em 2015. Sente que em algum momento teve que escolher entre atuar e cantar?
LA: Nunca senti isso, mas as pessoas sempre me perguntavam nas redes sociais: agora você é só atriz? É delicado conciliar, porque precisa de tempo e eu gosto de tudo muito bem feito. Para fazer algo certinho você precisa estudar, se dedicar, mas eu nunca pensei em escolher. No momento que a atuação chegou à minha vida, eu também quis levar isso para mim. O que faz a diferença é ter a consciência de que tudo demanda tempo, então tem ano que pode acontecer uma novela, série ou filme e eu tenho que mergulhar na atuação. E tem momento, como agora em 2020, que a música toma conta.
G: Em quem se inspirou para se tornar cantora?
LA: Os meus pais sempre ouviram música brasileira: Maria Bethânia, Clara Nunes, Elba Ramalho, Dolores Duran, Elisete Cardoso Além de, claro, Zé Ramalho, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga. Era um caldeirão de música brasileira. Eles também eram muito fãs de Beatles que fazem parte da minha vida e me influenciaram a aprender guitarra.
G: A Lurdes (personagem de “Amor de Mãe” que Lucy interpretou na primeira fase da novela) é uma mulher guerreira que tem conquistado o público. O que ela representa para você?
LA: A Lurdes, para mim, representa a minha mãe e a mulher brasileira. Aquela que cuida dos filhos sozinha, que faz papel de pai e mãe, que busca comida e traz esperança. Viver não é fácil, mas a brasileira, como a Lurdes, encara a vida de frente com muita coragem. Isso é o retrato da nossa mulher. Olhando para a personagem, lembrei demais da minha mãe, principalmente por retratar o lugar de onde vim. Se eu fosse nascer de novo, escolheria o Nordeste. Essa é uma região de pessoas incríveis, humanas, trabalhadoras, sagazes e principalmente humildes e de muita fé. É uma luz e alegria sem iguais.
G: Também daria o Oscar para a Regina Casé, como a internet tem pedido?
LA: Regina, por si só, merece todos os prêmios que podemos dar. É uma atriz incrível, popular que carrega sua essência e isso exala pelos poros dela, assim como a sua autenticidade, espontaneidade e criatividade. Então é um diamante do nosso Brasil. A Regina merece tudo!
G: Como você vê o cenário cultural do Norte e Nordeste?
LA: O cenário musical anda cada vez mais rico e vemos mais aceitação, até porque o Brasil é um país imenso, que tem muitos ritmos e possibilidades. E falando em Nordeste, é muita riqueza cultural, muitos detalhes e especificidades. Acho que o que tem ajudado são as redes sociais, que espalham conhecimento e também ajudam os pequenos artistas a mostrarem o seu trabalho. O que eu sinto é que temos um ‘boom’ de cantores nordestinos extremamente criativos, como Romero Ferro, Duda Beat, Xênia. É muita gente boa.
G: Ficou mais difícil investir na música com o atual cenário político e cultural?
LA: Está difícil para a cultura como um todo. Como artistas, temos o papel fundamental de levar informação e poesia às pessoas. É difícil circular com o nosso produto, mas todas as pessoas estão sofrendo com a falta de oportunidade. Acho que são nos momentos mais difíceis e tenebrosos que surgem as melhores poesias, seja de resistência, de amor e de não desistência. O país está passando por fortes transformações, a cultura também, mas temos que continuar produzindo e entender que são fases, ciclos. Não podemos parar. O sol há de brilhar mais uma vez.
G: Quais sãos os próximos projetos?
LA: Tenho muitos projetos especiais. Já começo com a ‘Live Session’, tenho também um EP para o mês de abril e um álbum para o final de ano. Além de projetos para a TV, então é um ano recheado, que já começou me deixando muito animada. Então aguardem que eu, como artista, vou estar muito feliz.