Livro explora o fetiche por trás do sapato com olhar brasileiro

 

Foto de Bob Wolfenson para o livro

Segundo pesquisas, mais da metade dos brasileiros repara nos pés das pessoas e 10% das mulheres passa esmalte vermelho nas unhas dos pés para seduzir. O andar da brasileira, a tal body language, arranca suspiros mundo afora. Assim como as humildes Havaianas, que ganharam os pés do alto clero fashion. Por estas e outras razões, sapatos têm tudo a ver com o Brasil.

Foi pensando nisso que Ricardo Feldman, fundador da editora Livre, criou o livro “Sapato de Mulher – Um Passeio Pelo Imaginário das Brasileiras”, em parceria com  a jornalista Eliana Castro e o professor de moda João Braga. A obra foi lançada nessa quinta-feira na Livraria da Cultura, no Shopping Iguatemi São Paulo.

“Sapato é um objeto de fetiche e curiosidade. Existem várias perguntas a serem respondidas; não só no âmbito da moda, mas no que diz respeito a sentimento, comportamento e simbolismo”, contou Ricardo. Assim, o livro de 212 páginas foi dividido em quatro seções: “Zirigidum”, “Sonho”, “Poder”, “Paixão” e “Curiosidades” – a última escrita por João Braga. As imagens de sapatos da obra são todas de fotógrafos brasileiros, como Bob Wolfenson, Fabio Bartelt, Gui Paganini, Paulo Vainer, e por aí vai. Sua capa é preta, como a caixa de um sapato.

Entrevistas com estilistas, modelos, instrutores de desfiles, colecionadoras de sapatos, psicólogos e editores de moda recheiam a publicação com conteúdo informativo e divertido. Como o depoimento de Lena Fraga, irmã de Ronaldo Fraga, que tem 457 pares de sapatos e doa cerca de 200 por ano para renovar a coleção. Os sapatos dela têm nome de celebridades, como Samuel Jackson, Brad Pitt e Nicolas Cage. “Quando eu morrer, quero um caixão no formato de sapato roxo fluorescente”, disse no livro.

Na seção “Curiosidades”, João Braga fez uma breve história do sapato, pincelando fatos do Egito antigo até hoje em dia. Confira algumas que ele contou para a gente:

– “No Egito, sandálias de ouro eram usadas em cerimônias.”

– “Na Baixa Idade Média, quanto mais bicudo o sapato, mais nobre era a pessoa.”

– “No Brasil, chamamos a plataforma de Anabela por causa da atriz com o mesmo nome que usava este tipo de sapato no Rio.”

– “Até o princípio do século XX, os pés das chinesas eram quebrados quando elas nasciam, porque o padrão de beleza exigia pés pequenos.”

Por fim, o livro termina com a seção “Pé da Letra”, um glossário com expressões da cultura brasileira que têm palavras que remetam a pé, como pé de igualdade, pé na bunda, subir no salto, entrar de sola…

Em tempo: Ricardo Feldman também citou uma curiosidade durante a entrevista, sobre as sandálias de Lampião, feitas por Raimundo Seleiro, em 1938. “A sola da frente do sapato era igual a de trás para confundir os policiais que, ao olharem os rastros, não conseguiam descobrir se a pessoa estava chegando ou indo embora”.

* O livro foi feito com apoio do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet, e foi patrocinado pela C&A.

(Por Manuela Almeida)

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