Lemann, o homem mais rico do Brasil, fala sobre mudanças: “Me sinto um dinossauro aterrorizado”

Jorge Paulo Lemann durante o painel do Milken Institute || Créditos: Getty Images

Convidado para participar de um painel com várias personalidades mundiais, como Al Gore e Arianna Huffington, que rolou no último fim de semana em Santa Monica, na Califórnia, Jorge Paulo Lemann se declarou um “dinossauro aterrorizado” por causa das mudanças do mundo corporativo, principalmente as que envolvem grandes marcas globais e a maneira como seus produtos são vendidos em novas plataformas de compras, como a Amazon.

“Me acostumei a viver nesse mundo confortável de marcas velhas que produzem e vendem grandes volumes”, o homem mais rico do Brasil disse no evento organizado pelo Milken Institute, laboratório de ideias fundado em 1991 pelo investidor americano Michael Milken. “Achei que poderiam durar pra sempre, mas de repente estamos todos sendo ‘disrupted'”, ele disse, usando a palavra inglesa do momento que nesse caso se traduz como “perturbados”.

Foi a primeira vez que Lemann falou abertamente sobre as dificuldades atuais do fundo que ele gere com os também bilionários brasileiros Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, o 3G Capital. É por meio da empresa que o trio mantêm participações na cervejaria belgo-americana Anheuser-Busch InBev, na Restaurant Brands International (dona de redes de fast-food como o Burger King e a Tim Hortons) e na Kraf Heinz. O maior problema deles tem sido justamente essa última, resultado da fusão, em 2015, da Kraft Foods com a fabricante de ketchup Heinz. O negócio fazia todo o sentido no papel, mas na prática tem apresentado resultados bem abaixo dos esperados e, por consequência, apanha na bolsa de valores há meses. “Precisamos nos ajustar”, Lemann comentou, citando empresas como a Starbucks, a Nike e a Zara como exemplos a serem seguidos.

Avesso aos comentários mais detalhados sobre seus investimentos, o bilionário de 78 anos também reconheceu que as recentes quedas nas vendas da AB-InBev em mercados estratégicos são resultado de um novo gosto dos consumidores mais jovens por produtos e marcas menos industrializadas. “O mercado de cervejas artesanais nos pegou de surpresa”, revelou, antes de afirmar que já está investindo alto neste novo segmento com um novo fundo porque “não dá pra simplesmente ficar deitado e fugir de cena”. (Por Anderson Antunes)

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