Em uma região remota da Polônia, a professora de inglês aposentada Sra. Dusheiko descobre que seu vizinho morreu. A causa da morte foi o engasgo com um osso de uma corça caçada ilegalmente por ele. Estudante obcecada por previsões astrológicas e por mortes semelhantes que acontecem no vilarejo, Dusheiko passa a acreditar que os próprios animais são responsáveis pelos assassinatos, como vingança pelas caçadas. A excentricidade da personagem é amplificada por sua preferência pela companhia dos animais aos seres humanos.
Apesar de parecer um livro de investigação policial, ‘Sobre Os Ossos dos Mortos’, da vencedora do Prêmio Nobel de Literatura, Olga Tokarczuk, parte de uma história convencional para se converter em um suspense existencial, que discute temas como os direitos dos animais e a maneira como a civilização tem destruído a natureza sem pensar no mal que causa.
Publicado pela primeira vez em 2009, a história é uma fábula sobre a vida e a morte, com pitadas de bom humor e discursos necessários. A todo o momento, o livro nos leva a pensar sobre a mania de superioridade dos seres humanos perante os animais e, até mesmo, ao universo. A proposta é questionar a maneira como encaramos a realidade trazendo assim questões ainda não resolvidas por nós.
Em uma época de pandemia, causada por um vírus que surgiu a partir de um animal selvagem, a trama é mais do que necessária e mostra, de diversas formas, as consequências causadas pela invasão do homem ao habitat de animais, além da exploração dos mesmos. No ano de 2019, ‘Sobre os Ossos dos Mortos” chegou ao Brasil pelo selo da Todavia e vale a leitura das 256 páginas.