Por Caroline Mendes
Todos os paulistanos conhecem o trabalho de Carlos Eduardo Fernandes Leo, o Kobra. Duvida? Sabe o retrato colorido de Oscar Niemeyer que fica no encontro da Paulista com a Vergueiro? Pois então, obra dele. E já viu os desenhos do muro da Igreja do Calvário, em frente à praça Benedito Calixto, em Pinheiros? Também são dele. Isso sem contar os grafites nas redondezas da Faria Lima, em frente ao Instituto Tomie Ohtake, na esquina da Santo Amaro com a Hélio Pellegrino, no cruzamento da ponte Cidade Jardim…
Já faz 26 anos que Kobra enche a capital paulista de cores. “Comecei a grafitar quando tinha uns 12 anos, no Campo Limpo, onde nasci e fui criado”, conta. Nessa época, ele se inspirava no hip-hop e nas temáticas da periferia, como violência e discriminação racial, para expressar sua arte. Com o passar do anos foi ganhando fama internacional e deixando sua marca nas ruas de Los Angeles, Nova York, Moscou, Londres e, mais recentemente, Roma, onde pintou um mural com o retrato da paquistanesa Malala Yousafzai e inaugurou sua primeira mostra individual fora do Brasil, na Dorothy Circus Gallery, com retratos de John Lennon, Dalai Lama, Bob Marley, Nelson Mandela, Martin Luther King e outros símbolos da paz mundial.
“Obviamente eu não imaginava que isso pudesse acontecer comigo. Sempre fui autodidata, nunca fiz um curso sequer de desenho, nem faculdade fiz, só tenho o 3º colegial”, revela. “Eu não tinha a mínima noção, assim como não sei o que vai acontecer daqui pra frente.” Ainda em 2014, Kobra vai visitar nove países, entre eles México, sua próxima parada para o festival SMART, em San Miguel de Allende.
Glamurama bateu um papo com o artista por telefone assim que ele chegou de uma viagem a Cubatão, onde começou a trabalhar em seu novo projeto nessa quinta-feira. Logo abaixo, siga as setas na galeria e deixe-se encantar pelo jogo de cores do artista.
Sua próxima parada é San Miguel de Allende, no México, para o festival SMART. Já sabe o que vai pintar por lá? “Estamos pesquisando. Sempre preparo alguma coisa, mas quando chego lá acabo mudando de ideia. Gosto de conhecer a essência do lugar, visitar museus e videotecas para conhecer as histórias, as memórias, os personagens que são importantes pra região. Zappata, Diego Rivera, mariachis, por enquanto estamos montando alguma coisa nesse sentido.”
E aqui no Brasil você está com algum projeto novo? “Sim. Começamos a pintar nessa semana dois tanques gigantes de compressão de gás em uma fábrica em Cubatão. Serão duas obras que falam sobre o meio ambiente e a poluição do ar daquela região. Vai ser mais uma obra do projeto Greenpincel, que já levamos até para Moscou, onde pintamos ilegalmente um muro pedindo a libertação da ativista Ana Paula Maciel, do Greenpeace.”
Sua arte é engajada, então? “Comecei a pintar nas ruas por conta do movimento hip-hop e a minha visão era de que os grafites deveriam falar sobre alguma coisa, passar alguma mensagem. Fui muito influenciado pelo movimento, que fala muito de discriminação racial e violência. Hoje tem pouca coisa na rua que está realmente reivindicando algo, mas, para mim, o papel da street art é se apropriar dos espaços públicos de uma forma que não seja puramente estética.”
Tem algum muro pelo mundo ou algum desenho que você sonha em pintar? “Gostaria de pintar, mesmo que temporariamente, as colunas vermelhas do Masp. É uma viagem minha, mas como lá é um museu de arte… Quem sabe?”
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