Julio Andrade já colhe os louros por Evandro, seu personagem em “Sob Pressão”, série médica semanal que estreou na última terça-feira, na Globo. Ganhou até o apelido de doutor MacGyver porque, na trama, por conta da falta de estrutura no hospital público em que trabalha, usa mangueira de jardim como dreno, além de vários outros “truques” para conseguir salvar vidas. “Assim como acontece de verdade no Brasil, a gente sempre tem que dar nosso jeitinho, pela falta de tudo. Falta tudo nos hospitais”. Glamurama foi bater um papo com o ator: vem ler! (por Michelle Licory)
Ferida aberta
“Como todo brasileiro, fico indignado com a corrupção e o desvio de verbas, inclusive da saúde. Estamos vivendo um momento em que o país está doente. A situação dos hospitais é só uma parte do todo da merda que está acontecendo. É um país sem cultura e sem educação, sem oportunidades, e por isso adoece. A gente precisa cuidar dessa ferida aberta”.
Aversão a sangue
Julio confessou: “Nunca aguentaria essa pressão em que vive o Evandro. Não funciono sob pressão. Mas foi um trabalho que exigiu muita dedicação e atenção. Tenho aversão a sangue, hospitais. Graças a Deus, minha família tem uma saúde privilegiada”.
O furo da bala
“Como laboratório, na preparação para esse papel, tive que assistir a cirurgias. Vi gente baleada escoltada por policiais. Não, não foi tranquilo isso pra mim. Não dá pra se acostumar com absurdo. Hoje virou tão banal que a gente escuta um tiroteio e pensa: ‘ah, tiroteio, já vai passar’… Não! Tem gente morrendo! Mas fui seduzido pelo acontecimento, fiquei pertinho do cara, vi o furo da bala, o médico dando os primeiros socorros, e ele tem que manter o controle. Por isso não pode operar familiar. A razão vai embora e fica só emoção [Evandro operou a mulher de emergência e ela acabou morrendo, um trauma do personagem]. Em uma situação limite, o médico tem que manter a calma e ser o mais rápido possível, não se envolver no lado pessoal com o paciente, mas salvar aquela vida de qualquer jeito”.
Sobre o amor
Julio comentou sobre o envolvimento de Evandro com a doutora Carolina, papel de Marjorie Estiano. “O amor está no ar. Ele não estava esperando, acaba acontecendo. Isso faz com que volte a viver, a sorrir… Não sorria há muitos anos por conta dessa perda [da mulher]. Esse amor é uma luz. A Carolina é uma pessoa de fé, ele cético. São opostos que transformam isso numa coisa bonita. Ela acaba sendo o remédio que ele estava precisando”.
Sobre a fé
“Eu, Julio, tenho fé pra caramba. Só não tenho religião. Acredito numa coisa maior e quando estou mal e quero rezar, meditar, mexo na terra, nas plantas. Quando estou bem também. Fé não pode ser só quando estamos precisando dela”.