No calor do movimento #mexeucomumamexeucomtodas, há pouco mais de um mês, Juliana Paes deu uma entrevista na qual dizia que não queria queimar sutiãs, que não concorda com certa “linha do feminismo” e que acha “errado esse desejo de igualdade com os homens a todo custo”. “Somos tão competentes e valiosas quanto eles, mas não iguais”. As palavras – ditas para uma revista nacional de grande circulação – caíram como uma bomba para a patrulha do politicamente correto. Artigos foram escritos sobre o tema, usando a atriz como contraponto ao assunto mais comentado do momento, e até a Organização das Nações Unidas para Mulheres emitiu nota lamentando a declaração.
“Incomoda, é duro. Mas sei quem sou”
Mas calma: era isso – exatamente – o que ela queria dizer? Depois da poeira baixada, Glamurama procurou Juliana para falar sobre o tema, e ela fez um desabafo. “Não sou arisca para dar respostas. Sento com um jornalista pra conversar mesmo. Tenho fé no ser humano. Então bato papo, sem medir palavras. Existe um contexto. Tirando qualquer coisa de contexto, pode parecer um grande absurdo. Mas prefiro ser assim. Ganhei mais sendo eu mesma do que perdi. A espontaneidade é mais saudável do que eu ficar pensando em aspas de efeito, palavras bonitas. Não fico com medo de ser mal interpretada. Estou acostumada. Incomoda, é duro. Mas sei quem sou”.
“Não vou ficar me explicando porque minha postura fala mais alto”
E ela continua. “Meu pensamento foi colocado de forma a expressar o oposto do que eu acredito, prego. Trabalho por isso. Sou voluntária da ONU. Deixo de fazer coisas pra mim para me engajar nessas causas, defender questões ligadas a esse assunto, então é um contrassenso. Mas tudo isso faz parte da vida pública. E a minha conduta fala por mim, então isso não me abala. O tempo é soberano. Não vou ficar me explicando porque minha postura fala mais alto”.
“É uma cultura do ódio”
Juliana não aponta culpados para a situação em que se viu envolvida, e pondera que a sociedade, como um todo, está bastante reativa. “Estamos vivendo um momento difícil mundialmente, e especialmente nacionalmente. As pessoas estão irritadas, amargas, feridas. É uma cultura do ódio. Se você pensa diferente, não gosto de você – o que tem sido um problema, inclusive nas redes sociais”. Bola pra frente. E viva a liberdade de expressão. (por Michelle Licory)