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O fotógrafo e artista francês JR, muito conhecido dos brasileiros por seu projeto social no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, e por estar constantemente entre as celebridades de Hollywood, inaugurou na última sexta-feira, 28, a exposição individual Tehachapi, que fica em cartaz até 26 de setembro, na prestigiada galeria parisiense Perrotin.

Em outubro de 2019, JR recebeu permissão para trabalhar em uma prisão de segurança máxima localizada em Tehachapi, na Califórnia. Inicialmente, foi ao local encontrar 28 presos e apresentar uma ideia para um projeto artístico colaborativo, que aconteceria no pátio central. Mas depois que o artista ouviu as historias do presos, o projeto tomou uma proporção muito maior.

Em Tehachapi, a maioria da população encarcerada está presa há quase uma década, com muitos condenados à prisão perpétua sem chance de liberdade condicional. Devido à lei californiana Three Strikes, uma medida da década de 1990, qualquer pessoa condenada por três crimes era obrigada a cumprir 25 anos de prisão perpétua, desde que dois dos três crimes fossem considerados graves. Hoje, quase metade dos presos condenados pela lei estão cumprindo pena por crimes não violentos.

“Esses homens foram considerados culpados quando eram muito jovens, alguns se juntaram a gangues e cometeram grandes erros, e eles pagaram ou ainda estão pagando o preço. Dizem que mudaram e estão prontos para se tornarem bons cidadãos, para dar sentido às suas vidas,” conta o fotógrafo.

JR decidiu fotografar esses homens, um a um, de cima, e os convidou para contarem suas histórias em frente a uma câmera. Nenhuma pergunta específica foi feita. Eles tinham a liberdade de se expressar com franqueza. JR também fotografou ex-presidiários e funcionários penitenciários, coletando um total de 48 retratos e histórias do sistema prisional.

“Com este projeto quero fazer uma pergunta: ‘​​um homem pode mudar?’. Antes de responder sim ou não, pergunte-se: mudei? Cometi algum erro pelo qual me desculpei e consegui consertar? Caso contrário, por que eu não poderia consertá-los?”, questiona o artista.

Para saber mais sobre o projeto Tehachapi, o aplicativo móvel ‘JR: Murais’ está disponível gratuitamente no iPhone e Android, e fornece acesso às histórias dos participantes.

“Decidimos criar uma plataforma que disponibilizasse as histórias. Por quê? Porque é um assunto muito sensível e queríamos dar a todos a oportunidade de ouvir histórias de esperança e redenção, de ter acesso a testemunhos raros. Porque vale a pena ver o que aconteceu quando esses homens, guardas e vítimas trabalharam juntos. Queríamos compartilhar o processo e aceitar a complexidade das próprias ações e emoções humanas que testemunhamos”, explica JR. (por Mario Kaneski, direto de Paris)

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