Joyce entrevista o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello, que fala do passado e do presente: “O atual presidente flerta com um regime fascista”

Joyce Pascowitch entrevista o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello // Reprodução

Nessa quarta-feira, Joyce Pascowitch recebeu o ex-presidente Fernando Collor de Mello, virtualmente, claro, para uma ‘live’ das mais concorridas, a primeira de uma série que será feita com ex-presidentes brasileiros. Ele foi o 32º Presidente do Brasil, e o mais jovem – tinha 40 anos quando tomou posse -, com mandato de 1990 até sua renúncia em 1992, após ter sofrido impeachment. Nessa entrevista, Collor, atualmente senador da República, lembra desse momento que marcou sua vida para sempre, das decisões que tomou quando estava no poder, das pressões do cargo, dos arrependimentos. Fala também de amadurecimento e do governo de Jair Bolsonaro. A seguir, alguns trechos da conversa feita diretamente da Casa da Dinda, em Brasília, com direito à participação especial de Valentina, cachorrinha vira-lata adotada pelo ex-presidente.

Presidência e arrependimentos

“Ah seu eu tivesse a maturidade de hoje naquela época. Sem dúvida as coisas seriam diferentes. Experiências muito difíceis como as que tive ensinam a melhorar”, disse ele. “Cheguei à presidência muito cedo, aos 40 anos. E é muito bom ser presidente de um país como o Brasil. Tive dificuldades de domar meu temperamento. A pior coisa de ter tanto poder é a dificuldade de estabelecer prioridades e decidir o que fazer. Com esse presidencialismo aqui do Brasil, em que temos que resolver diferentes questões ao mesmo tempo… é muito difícil coordenar tantos assuntos ao mesmo tempo. O confisco dos ativos bancários da população me causou muito sofrimento. Não foi uma decisão só minha. Era a única saída na época para controlar uma inflação de 80% ao mês. Hoje não faria isso. Tentaria descobrir outro jeito de lidar com a situação. Mas ainda não sei como seria. Já pedi perdão a todos que sofreram com os bloqueios dos ativos naquela época.”

Democracia em risco

“Assim como eu, Bolsonaro assumiu com disposição de que teria poder de resolver tudo. Só que não é assim que funciona. Alertei ele para a necessidade de ter uma base parlamentar sólida. É preciso que ele construa isso para que possa governar efetivamente. O presidente jura defender e seguir a Constituição. É um subalterno da Constituição. Esse apoio de Bolsonaro a manifestações que semanalmente contrariam a Constituição me preocupa porque é a gestação de um conflito institucional sério. Ele convive com aquelas faixas que pedem o fechamento do congresso e Supremo Tribunal Federal. O atual presidente flerta com um regime fascista. Acho que ele não tem isso formatado na cabeça, não tem o conhecimento histórico do que se trata, mas o método que ele está colocando em prática leva inexoravelmente a um regime fascista. É necessário ter bom senso. O posicionamento dele é totalmente equivocado com relação à supremacia da presidência e à pandemia. O governo está descontrolado. Bolsonaro tem que assumir o controle da ação nesse momento em que milhares de pessoas estão morrendo, junto com os governadores de cada estado.”

Confira a entrevista completa aqui:

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