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No sentido horário, a pedra fundamental sendo enterrada com Alexandre Allard e Jean Nouvel. O arquiteto durante coletiva e os arquitetos da Triptyque: Guillaume Sibaud, Carol Bueno e Greg Bousquet || Créditos: Glamurama

Dia de colocar o capacete e ir para o canteiro de obras nesta quinta-feira em São Paulo. A razão? A vinda do arquiteto francês Jean Nouvel para a cerimônia da pedra fundamental da torre de 100 metros que ele projetou para a Cidade Matarazzo, a Rosewood, mistura de residencial e hotel de luxo que é parte do megaempreendimento do empresário também francês Alexandre Allard no local. O edifício, que Allard chama de “árvore”, vai conviver com o edifícios tombados do antigo hospital Matarazzo e outros novos, estes assinados pelo escritório franco-brasileiro Triptyque, que também assessora o projeto de Nouvel por aqui.

Mas a pedra fundamental não foi bem uma pedra, mas sim um baú, que servirá como uma cápsula do tempo enterrada a 21 metros de profundidade que, quem sabe um dia, será desenterrada. Visivelmente emocionado, Allard pediu a todos que colaborassem colocando no baú – que já tinha muitos objetos, incluindo documentos da obra – coisas que achassem interessantes. Glamurama contribuiu com uma capinha de celular comemorativa pelos 15 anos do site.

Depois da cerimônia, o francês Jean Nouvel, ganhador do prêmio Pritzker (equivalente ao Nobel na arquitetura), recebeu para uma coletiva. Confira abaixo os highlights da conversa dele com os jornalistas, que começou de forma divertida, com um pedido de desculpas pelo atraso: “Peço desculpas pelo atraso, mas a American Airlines não quis seguir os meus conselhos”. (Por Verrô Campos)

SEM PRESSA

“Estive aqui [na Cidade Matarazzo] em 2008 e fiquei impressionado com a arquitetura preservada e protegida por árvores históricas. Isso já tem um lado sagrado, é uma exceção histórica na cidade, que atenua o contraste. As cidades deveriam ser feitas por sedimentação, levando em conta a história e a geografia locais. As metrópoles são desenvolvidas rápido demais, com projetos urgentes.”

A TORRE

“Esta construção participa de um processo que é uma continuação do que já existe. Elementos impressionantes do local como a vegetação, a luz e a sombra das árvores são levados em conta. Será um edifício acima da escala dos edifícios periféricos trabalhando na colorimetria entre os telhados e as árvores. Uma torre octogonal com árvores, pátios e traçados geométricos que são uma continuidade da vegetação, para criar desejo e prazer. Como o terraço com piscina na frente, um privilégio.”

SEM ZAHA HADID

“Estava em Nova York em uma reunião [quando soube da notícia da morte da arquiteta] e íamos participar de uma mesa redonda juntos. Ela foi pioneira, conseguiu criar um vocabulário arquitetônico único e ligado a uma época. Foi a primeira mulher a ocupar um lugar de destaque na arquitetura [ganhadora do prêmio Pritzker, assim como ele]. Seus desenhos eram extraordinários, não acreditávamos que tivesse essa força de uma arquiteta que construísse no sentido mais real do termo. Mas ela provou que sabia sair do desenho para a realidade, além do papel, para o concreto. Ela estava bem, é uma catástrofe sermos privados de mais 20 ou 30 anos da presença dela.”

LIVRO DE PEDRA

“A cidade é um museu, um local comum para as pessoas, um livro de pedra que conta a história do lugar através dos desejos de cada geração. É importante trabalhar nos territórios que foram muito construídos nas últimas décadas, dar a bairros que foram feitos muito rapidamente uma nova alma. O planejamento urbano no século 20 é tecnocrático, é a arquitetura em grande escala. É preciso ter humanistas para saberem  o que é desejável no espaço de morar. É  importante inicialmente que as decisões originais sejam tomadas por pessoas que têm o desejo de trabalhar no prazer de morar, no hedonismo, isso vai transformar as gerações no século 21. Sou um arquiteto contextualista, todos pedem um cruzamento de visões internas e externas e sempre trabalho com pessoas do país. É catastrófico quando andamos pelo mundo e não há mais raízes nas coisas, são clonadas. A globalização não é isenta de perigos, precisamos recuperar nossas raízes e esta é a ideia do projeto [a torre]. Cada local deve ser singular e único.”

Siga a seta e confira imagens do projeto.

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