A bailarina Ingrid Silva foi duplamente premiada no Festival Cannes Lions, o mais importante prêmio da publicidade mundial, que aconteceu nessa quarta-feira. Com o longa “The Call”, que expõe através de um experimento social as injustiças raciais do sistema de saúde americano, a carioca de 32 anos – que mora em Nova York – levou o Leão de Prata na categoria de Health & Wellness (saúde e bem-estar), do festival. Já o curta “SkinDeep”, feito especialmente para sua instituição, a EmpowHer NY, que luta pela autonomia feminina diante de barreiras sexistas nos Estados Unidos, levou a melhor e garantiu o Leão de Ouro na mesma categoria.
Em “The Call”, a produção apresenta de forma didática uma atriz em contato com um serviço de emergência. Ao se identificar como uma pessoa negra, ela é orientada a buscar uma espécie de unidade básica de saúde, mesmo com um quadro clínico considerado grave. Em contrapartida, quando se apresenta como uma pessoa branca, a recomendação é se direcionar, imediatamente, ao pronto-socorro, que tem condições de atender casos delicados.
“Quando se trata de obter cuidados de saúde adequados, não deve importar qual é o seu nome ou como você soa. Sua dor não deve ser subestimada por causa de mitos biológicos que não são apenas cientificamente falsos, mas também fantásticos por natureza. O preconceito inconsciente na medicina leva a resultados ruins para a saúde”, disse Ingrid em suas redes sociais ao compartilhar a vitória no festival.
Sobre “SkinDeep”, que traz um trabalho manual minucioso e carregado de feridas, principalmente para as mulheres negras, a primeira bailarina da companhia Dance Theatre of Harlem e mãe da pequena Laura, comentou: “Utilizamos notícias sobre racismo do século passado para cada quadro da animação pintada à mão” e acrescentou explicando aos seguidores a importância da produção: “Procuramos inspirar pessoas negras e aliados a reconhecer o estresse traumático baseado em raça e, em seguida, se envolver em cura”.