Duas produções nacionais estão entre os selecionados ao prêmio de Melhor Documentário no Festival de Berlim: “Ex-Pajé” de Luiz Bolognesi e “Aeroporto Central” de Karim Aïnouz. Inclusive o longa de Bolognesi ganhou destaque no evento: “Estou muito feliz de estar selecionado para esse prêmio do júri e ficar entre os 18 filmes finalistas. É uma honra. Também estou muito feliz com a reação do público, pois tivemos três sessões e debates lotados”, contou o diretor.
Kabena e Ubiratan, conhecido como Bira, que têm as suas histórias retratadas no documentário viajaram para Berlim, onde acontece o Festival de Cinema, e participaram de todas as sessões e debates do filme. O que eles acharam da experiência? Essa foi a primeira vez de Kabena no cinema e ela fez questão de assistir ao filme todas as vezes. Depois das sessões e debates, Kabena e Ubiratan conversaram com um público curioso com seus hábitos, forma de viver e história dos dois. Deram entrevistas para a imprensa internacional, participaram de cocktails e posaram para muitos flashes. Além de conhecer esse lado glamuroso do cinema, andaram pelo centro da cidade e visitaram o muro de Berlim.
Sobre sua experiência Kaena falou ao Glamurama: “Eu gostei muito de entrar no cinema e assistir a um filme pela primeira vez, mas o que mais chamou a minha atenção foi me ver na tela grande. Foi muito incrível. Em Berlim fiquei impressionada com o frio e achei curioso estar em uma cidade onde nenhuma árvore tem folhas, muito diferente do que estou acostumada!”Nesta semana, a temperatura de Berlim tem variado entre 1º e 3º graus.
TAPETE VERMELHO
A première do longa aconteceu nesse sábado e contou com a presença ilustre dos índios dos índios Kabena Cinta Larga e Ubiratan Suruí, figuras importantes do filme que, ao lado de Bolognesi e do diretor de fotografia Pedro J. Márquez, divulgaram um Manifesto de Povos e Lideranças Indígenas do Brasil com a proposta de um país com mais tolerância e respeito. Uma crítica ao etnocídio, o documento foi assinado por 28 lideranças e 15 organizações indígenas. Um dos trechos afirmava: “Hoje atravessamos muitas crises, ecológica, econômica, política, a nossa frágil democracia foi atacada e os territórios indígenas estão sendo invadidos e saqueados”.
“Ex-Pajé” mostra o drama contemporâneo dos povos indígenas a partir da história de Perpera, um índio Paiter Suruí que viveu até os 20 anos num grupo isolado na floresta onde se tornou um poderoso pajé. Na história, depois de ter contato com os brancos, principalmente um pastor evangélico, que afirma para o índio que seus atos e saberes são coisas do Diabo, Perpera passa a viver um conflito interno. Apesar de se dizer evangélico e se definir como ex-pajé, continua tendo visões dos espíritos da floresta.
O filme é uma produção de Caio Gullane, Fabiano Gullane, Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi. O vencedor do prêmio será anunciado neste sábado. Dedos cruzados!
Assista abaixo, em primeira mão, cena do documentário.