A artista plástica Sylvia Soares não tinha intenção alguma quando começou a rabiscar, em um de seus muitos cadernos de desenhos de observação, em 2016, os rostos de figuras públicas ligadas ao processo de Impeachment da então presidente Dilma Rousseff, enquanto acompanhava noticiários de TV e as sessões do Senado. Acontece que a peculiar análise das feições de nomes como Aécio Neves – representado apenas por um nariz, precisa mais? – a própria Dilma, Janaína Paschoal e Marina Silva, em primeiro momento despretensioso e caricato, deu vida ao livro “Às vezes as pessoas não vão com a minha cara”, publicado pela editora Urutau.
O livro leva prefácio escrito por Fabrício Reiner de Andrade, supervisor de planejamento da Biblioteca Mario de Andrade e grande entusiasta do projeto, assim como a também artista Conceição Queiroz, e ganhou lançamento durante a Flip, em Paraty. No evento, Sylvia participou da mesa Política e Poesia, onde contou ao Glamurama ter se sentido uma estranha no ninho por não ser uma pessoa exatamente politizada. “Não foi um livro com intenção política”, explica ela. Durante o evento, Sylvia recebeu elogios pelo “bárbaro registro político”.
Foram impressas apenas 300 cópias do livro, que ganha em setembro um pequeno lançamento em São Paulo.