Glamurama conferiu nessa quinta-feira, no Teatro Sesc Anchieta, a estreia de “Viver Sem Tempos Mortos”, peça estrelada por Fernanda Montenegro, cujo texto é formado pelas correspondências trocadas por Simone de Beauvoir com Jean-Paul Sartre ao longo da convivência do casal.
* O monólogo de uma hora, dirigido por Felipe Hirsch, é arrebatador: Fernanda nos faz navegar pelo universo de Simone como se o tempo não existisse. O cenário, de Daniela Thomas, é composto por paredes pretas e apenas uma cadeira, que representa a usada pela escritora francesa durante o funeral de Sartre, quando ficou sentada ao lado da lápide por horas e horas. Esta, por sinal, é a sensação que se tem no decorrer do espetáculo: de que Sartre estava o tempo todo ali, presente.
* Por alguns momentos a gente esquece que está assistindo a uma performance de Fernanda Montenegro, e parece impossível decifrar qual a idade da atriz ou a época em que estamos, graças ao “papo” sincero que Fernanda nos faz ter com Simone e a capacidade de nos ligar à ela, rindo, se emocionando ou gesticulando. No final, como não poderia ser diferente, aplausos intermináveis. “Estou muito emocionada, nem sei o que dizer. Eu amo me apresentar em São Paulo, esta platéia é incomparável”, disse.
* Fernanda nos contou que leu as obras de Beauvoir quando tinha 19 anos: “Era na época da guerra, tudo era muito sensível, foi muito marcante para a minha geração. Naquela época ela sabia tudo, e eu, nada”, disse. Também perguntamos se, mesmo depois de anos no teatro, ela ainda fica nervosa antes de subir ao palco: “Muito! Demais! Isso nunca passa”, disse. E qual seria o conselho da escritora francesa para as mulheres de hoje em dia? “Tenham coragem! É o suficiente”. Indiscutível…