Heresia fashion? Coletivo destrói valiosas bolsas Birkin para transformá-las em sandálias inspiradas nas icônicas Birkenstocks. O preço? 418 mil reais

Hi-low: coletivo junta Birkenstock e Hermès // Reprodução

Heresia fashion? Um coletivo de arte norte-americano destruiu quatro bolsas Birkin, da Hermès, um dos símbolos mais conhecidos do mercado de luxo, para criar o que poderia ser a sandália mais cara do mundo. Um par das chamadas “birkinstocks”, que não tem ligação oficial com a marca alemã Birkenstock, outro ícone da moda, custa entre US $ 34.000 e US $ 76.000 (R$ 183 mil a 418 mil). O grupo MSCHF, com sede no Brooklyn, que ganhou as manchetes por sua série de projetos de arte irreverentes, gastou US $ 122.500 (R$ 673.750) em bolsas Birkin novinhas para usar como matéria-prima. O valor não inclui o custo da sola de cortiça-látex das sandálias, da fivela de vermeil de ouro feita sob medida e da produção real do sapato. Teve até gente que se recusou a participar da produção. “Apenas o ato de cortar uma bolsa Birkin assustou muitas pessoas”, disse Lukas Bentel, diretor criativo do MSCHF. “Uma Birkin é como um objeto de arte. É tão ‘sagrada’ que você não pode danificá-la.”

“As bolsas Birkin têm um retorno médio anual de 14% sobre o investimento”, diz um manifesto publicado no site do projeto, “batendo consistentemente o S&P 500″ – um índice usado para medir o valor das ações americanas de grande capitalização. “É também algo com que você pode lucrar. Você não deve fazer nada com sua bolsa Birkin, você apenas deve mantê-la em sua casa”, disse Bentel.

Mas agregar valor a peças de maneiras inusitadas é uma especialidade da MSCHF, que vendeu três réplicas pintadas à mão de contas médicas dos EUA para uma galeria de Nova York por US $ 73.360 (R$ 403 mil) em outubro do ano passado. O dinheiro foi usado para quitar dívidas médicas de três pessoas.

E eles não têm pena de destruir objetos caros para suas criações. Em maio de 2020, o grupo comprou uma litografia de Damien Hirst por US $ 30.000 (R$ 165 mil), cortou e vendeu em peças individuais, lucrando com isso.

No caso da ‘Birkinstock’, o grupo MSCHF decidiu chamar a atenção para o high-low, tendência que tem cadeira cativa no mundo da moda nos últimos anos. “As pessoas que você vê usando Birkenstocks não são as mesmas que você presumiria que tivessem bolsas Birkin”, disse Lukas Bentel, “e isso é apenas uma questão de juntar essas duas pontas do espectro.”

A bolsa Birkin foi criada em 1984 e desde então só valoriza. Supostamente existem 100 versões do icônico acessório, símbolo de status de celebs e bem nascidos a rappers americanos. Foram feitas 10 ‘Birkinstocks’ que estão disponíveis para compra sob encomenda. O cantor e compositor de R&B Kehlani e o rapper Future já garantiram seus pares. Quem se habilita?

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