A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China está sendo acompanhada com lupa pela Apple que, de acordo com estimativas recentes, feitas por alguns dos maiores bancos do mundo, poderá ser uma das empresas mais afetadas do mundo em razão do imbróglio entre as duas nações. O Goldman Sachs, por exemplo, publicou na semana passada um relatório no qual alerta investidores sobre uma possível queda de 29% no lucro por ação da fabricante do iPhone caso os produtos desta sejam banidos no país asiático, atualmente um de seus maiores e mais lucrativos mercados.
Algo impensável até pouco tempo atrás, essa possibilidade se tornou ainda mais real desde que o governo dos EUA decidiu banir a Huawei de operar em seu território, na semana passada, por considerar a empresa – que é a segunda maior fabricante de smartphones do planeta depois da Samsung -, uma ameaça à sua segurança nacional. A medida
drástica também forçou a Alphabet, dona do Google, a restringir uma licença de anos que mantinha com os chineses para o uso do sistema operacional Android.
Uma analista do HSBC já tinha alertado dias atrás que os problemas da Apple em solo chinês estão longe de serem solucionados, e usou isso para justificar um corte no preço recomendado para cada papel da companhia negociado na bolsa, de US$ 180 (R$ 724,68) para US$ 174 (R$ 700,52). A diferença de meros US$ 6 (R$ 24,16), que equivale a um desconto de 3,33%, representa uma queda em potencial de mais de US$ 27,4 bilhões (R$ 110,3 bilhões) no valor de mercado da gigante americana, que por uma ironia do destino a essa altura deve estar torcendo para continuar competindo com a Huawei de igual pra igual e sem restrições. (Por Anderson Antunes)