Logo que as notícias da volta do Talibã ao poder no Afeganistão chegaram aos ouvidos de Elena Crescia, curadora do TEDx SãoPaulo, e da atriz e empreendedora Suzi Pires, as duas compartilharam a angústia de saber que o regime extremamente autoritário afetaria especialmente a vida das mulheres. A partir dessa conversa, elas convidaram outras pessoas que compartilhavam da mesma vontade de encontrar meios de ajudar e, em menos de 48 horas, mais de 200 mulheres, entre empresárias, advogadas, executivas, jornalistas, se juntaram ao grupo que deu origem ao Movimento Amplificadoras.
“Primeiro fizemos um mapeamento das organizações legais no Afeganistão que poderíamos apoiar, entramos em contato com o Acnur (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), a Cruz Vermelha, e começamos a pesquisar qual seria a forma certa de ajudar quem acolhe os refugiados nas fronteiras”, conta Elena Crescia, uma das fundadoras. O grupo, no entanto, pretende trabalhar não só pelas mulheres afegãs vulneráveis, mas também pelas brasileiras.
“Percebemos que, se a gente se sensibilizou com o que está acontecendo no Afeganistão, onde me incomoda só de pensar que meninas com mais 12 anos param de estudar, que a partir dos 15 devem casar e ter filhos, isso talvez também aconteça no Brasil”, alerta. O passo seguinte foi convidar a advogada Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, que atua no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, para uma consultoria no apoio ao tema. Além de Luciana, integram o movimento, Andrea Alvares, diretora de marketing da Natura; Mafoane Odara, líder em recursos humanos para América Latina no Facebook; Viviane Duarte, presidente do Instituto Plano de Menina, Andrea Bisker, CEO da consultoria em inovação Spark: off, e Luiza Brunet, entre outras.
No manifesto criado pelo movimento, as prioridades são: “amplificar denúncias de qualquer violação de direitos humanos; apoiamos organizações e iniciativas que já trabalhem com ações de resgate e acolhimento de refugiadas; organizamos a articulação de voluntárias, campanhas de comunicação e pressão política; acolhemos refugiadas; captamos recursos para causa da integridade feminina.” E importante ressaltar: “Não aceitamos
islamofobia ou qualquer preconceito; não escolhemos a mulher que vamos apoiar; apoiamos todas.”