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1. A falta de estadistas na liderança da imensa maioria dos países do mundo tem complicado fortemente a solução de alguns problemas graves para toda a humanidade. Desde a superação da crise financeira, que se instalou em 2008 por culpa da desonestidade dos agentes financeiros e da falta de regulação adequada por parte dos bancos centrais e que ainda deixa sem emprego mais de 30 milhões de honestos trabalhadores, até a falta de ação adequada para enfrentar o problema do aquecimento global.

2. Não há nenhuma segurança de que todo o aquecimento seja produto da ação do homem, mas a correlação entre a variação das emissões de dióxido de carbono (CO2, o principal agente do aquecimento) e as variações do PIB parece indicar que o próprio homem e a atividade para satisfazer suas necessidades e o legítimo desejo de expandir seu bem-estar foi mesmo o produtor de parte dessa degradação ambiental. O problema seria menos grave se os grandes países emissores tivessem lideranças capazes de convencer suas sociedades com relação a esse fato.

3. Nos EUA a situação chega a ser alarmante. O Congresso (para atender os interesses dos estados produtores de carvão e em vias de desindustrialização) tem tergiversado para fixar medidas de controle da emissão de CO2. Um levantamento (Gallup poll, March 2010) com a pergunta: “Você acredita que a seriedade do aquecimento global tem sido exagerada na imprensa por motivos ideológicos?” revelou que, entre 2008 e 2010, esse sentimento cresceu, dependendo da ideologia do respondente. Entre os “conservadores” passou de 52% para 67%. Entre os “moderados” passou de 35% para 48% e entre os “liberais” pulou de 13% para 26%! Com a vitória dos “republicanos” em novembro, a coisa deve ter ficado ainda pior para Obama, cuja liderança, infelizmente, está em declínio.

4. No Brasil as coisas estão um pouco melhores. O aumento anual do desmatamento parece mesmo estar em declínio. Por outro lado, a recuperação pelas tecnologias das áreas degradadas desenvolvidas pela Embrapa, caminha no sentido de reduzir fortemente as emissões devidas à pecuária. A integração lavoura-pecuária liberará imensos recursos com o aumento da produtividade de 0,4 bois/hectare para qualquer coisa como 4 ou 5. Cada hectare liberado pela nova tecnologia liberará outros 9 hectares para usos alternativos, sem exigir qualquer novo desmatamento.

5. As pesquisas para a produção de biocombustíveis caminham e a seleção experimental do pinhão-manso (o Jatropha curcas) mostrou que potencialmente ele poderá produzir 3.800 kg por hectare, o que significa mil litros de biodiesel. 6. Por outro lado, temos ainda muito para avançar. Só agora inauguramos as eclusas de Tucurui, obra iniciada em 1981, fundamental para o transporte fluvial do Araguaia-Tocantins: 30 anos de atraso! Um custo de capital absolutamente fantástico, parte integrante do sempre apontado, mas nunca resolvido “custo Brasil”.

Por Antonio Delfim Netto

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