Protagonista da próxima novela das seis, Gloria Pires não terá muitos problemas para encarnar a Lola, a matriarca de ‘Éramos Seis’. Assim como a personagem, ela tem quatro filhos… e não descarta a possibilidade de aumentar a família: “Se eu adotaria? Sim. Acho bonito. Ser mãe é o papel que mais gosto”.
“Estou tão feliz. Acho que a grande diferença dessa novela é que ela enaltece o poder que toda mulher tem, desde aquela época. São as grandes mantenedoras dos lares, das famílias. São as mulheres e sempre foram. Hoje a gente sabe, antes não sabíamos”.
Na trama escrita por Angela Chaves, baseada na novela original escrita por Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho, e livremente inspirada no livro de Maria José Dupré, a vida da família Lemos é retratada da década de 1920 a 1940, e conta a história de Lola casada com Júlio, vivido por Antonio Calloni, que batalha incansavelmente para que o marido e os filhos tenham um vida melhor e paguem as prestações da tão sonhada casa própria. “Era uma vida dura, de trabalho físico. Todo esse conforto, essa tecnologia que existe hoje, não existia. Tudo era mais difícil. Na verdade, hoje a vida continua dura, mas de outra maneira”, observa. “A Lola faz tudo que pode para resolver os problemas da casa dela. Ela se vira. A ideia é ter esse pano de fundo, essa personagem que é a Lola, essa família, essa casa, essa história, mas trazer uma coisa que seja inspiradora, que leve as pessoas justamente a acreditarem nos seus sonhos, nos seus propósitos, se dedicarem para realizar o que desejam. Acho que viver sem sonhos é mais difícil”.
E quando Glória fala “em se virar”, quer dizer que sua Lola, como tantas mulheres brasileiras, arregaça as mangas e faz de tudo um pouco. A personagem passa boa parte do folhetim cozinhando, costurando e vendendo roupas, o que acessou diretamente a memória afetiva da atriz. “ Aprendi a costurar com a minha mãe, Elza. E agora sei fazer tricô, que adorei, virou um vício, só está me faltando tempo para treinar”, diz, aos risos. “ Isso é uma das coisas maravilhosas de ser ator. Temos acesso a tantas coisas, aprendemos tanto. Minha mãe costurava para mim e minha irmã. É emocionante demais. Ela adorava costurar para gente e eu estava sempre junto, acompanhando o processo quando ela cortava os moldes, ajudava a escolher os tecidos”.
A atriz fala da importância de acessar essas lembranças para a composição da personagem. “Me ajudou de todas as maneiras, é uma espécie de homenagem à minha mãe e à minha avó Deolinda, que está aqui comigo. Estou com a pulseira que era dela inclusive”, conta, mostrando uma pulseira herdada da avó. “Era mãe do meu pai, mas ela e minha mãe eram muito unidas, tinham essa sororidade. Esse termo moderno, elas já tinham, se ajudavam. Estou voltando lá atrás. Toda vez que leio uma cena, me remete a algo que minha mãe dizia ou minha avó ou até meu pai Antonio Carlos, diziam. A cidade cenográfica da novela para mim é estar junto com meu pai passeando”.
Glória brinca com as semelhanças que tem com Lola. “Lá em casa, mesmo que a Cleo e a Antonia não morem mais com a gente, não éramos, seremos sempre seis”, diz, referindo-se ao marido Orlando Morais e aos outros filhos, Ana e Bento. “Quando o Bento nasceu, a Cleo já não morava conosco. Eles têm 22 anos de diferença. Sempre dei força para os meus filhos voarem, cada um buscar a sua realização, seu desejo”. E aos 56 anos, Gloria não descarta aumentar a família: “Se eu adotaria? Sim. Acho bonito. Ser mãe é o papel que mais gosto”. (por Brunna Condini)