Por Michelle Licory
Gloria Perez não se abala com o fantasma da baixa audiência que vem assombrando os autores da faixa das nove da Globo, primeiro em “Babilônia”, de Gilberto Braga, e agora em “A Regra do Jogo”, de João Emanuel Carneiro, dois ícones do horário nobre da emissora. “Não sei se vejo crise de Ibope e de novela. Precisamos de um novo tipo de medição que atinja todas as plataformas nas quais você pode assistir aos capítulos. Eu acompanho ‘Além do Tempo’, mas em outro horário, pelo computador”.
“O capítulo era descartável”
“Antigamente só tinha a TV. Passava naquela hora e pronto. A gente até brincava que o capítulo era descartável: se não viu, não vê nunca mais. Mas hoje não é assim. Sei que falam muito em crise, mas cada dia tem mais blog sobre novela, as pessoas conversam sobre os personagens… Todo mundo, para falar bem ou mal… O assunto é sempre a novela”.
“Não representam mais o todo”
“Não é que o Ibope caducou, mas é preciso que eles estendam a medição para outros meios. Não vou dizer que estão ultrapassados, mas não representam mais o todo, só uma parte. A gente sente na rua o resultado do nosso trabalho. Ninguém pode ficar escravo de Ibope, indo com a trama de um lado para o outro de acordo com o índice de audiência. Você não sente na rua quando as pessoas compraram uma história?”
* Em tempo: para quem ainda não sabe, “Sagrada Família”, de Maria Adelaide Amaral, seria a substituta de “A Regra do Jogo”, com uma trama política. Mas “Velho Chico”, história rural de Benedito Ruy Barbosa, autor de sucessos como “Rei do Gado” e “Renascer”, passou na frente na fila, em uma tentativa de, com um novelão típico, resgatar os espectadores perdidos ao longo dos últimos tempos.