A notícia sobre o leilão de obras de arte e relógios de José Wilker, iniciado na última quarta-feira no Rio de Janeiro, surpreendeu muita gente que nunca imaginou que o ator era também um colecionador voraz. Dono de obras assinadas por artistas como os Irmãos Campana, Wilker reuniu um acervo que inclui, além de peças de nomes consagrados, uma variedade de simplicidades como canetas, bonés, tênis All Star, livros e DVDs.
Talvez sem saber, o ator era um representante do segmento do mercado de artes brasileiro que mais cresce – o de obras de valores médios, mais acessíveis – e que se expandiu a uma taxa de 27,5% no ano passado. Para se ter uma ideia, o crescimento alcançado em 2014 pelas galerias estabelecidas, que negociam as obras de alto valor, foi de 20%, segundo dados da ABACT (Associação Brasileira de Arte), que representa essas casas.
E já que o assunto é arte, Glamurama selecionou alguns dos colecionadores brasileiros com maior relevância no Brasil e, em alguns casos, pesos pesados também no mercado internacional de arte. Confira!
Irmãos Marinho
Herdada de Roberto Marinho, morto em 2003, a coleção do fundador da Rede Globo é uma das mais significativas do modernismo brasileiro. Também inclui abstratos informais e ícones religiosos. Detalhista, Marinho foi um dos responsáveis por transformar a obra seminal de Ismael Nery em referência para outros artistas. Com 1,4 mil peças, a coleção inclui trabalhos de Portinari, Guignard, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Mabe e Tomie Ohtake, entre muitos outros. Uma das obras é de autoria do próprio Marinho: uma escultura de bronze criada por ele nos anos 1980. Aos amigos, ele dizia que ela reproduzia uma das imagens do que via no fundo do mar quando praticava pesca submarina.
Angela Gutierrez
Uma das controladoras da Construtora Andrade Gutierrez, Angela possui um dos maiores acervos de obras religiosas do período barroco brasileiro. Com 162 oratórios e cerca de 300 imagens, a coleção de Gutierrez está em exposição desde 1998 no Museu do Oratório, na cidade histórica mineira de Ouro Preto. O museu fica em um casarão de três andares, onde morou Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), o mais importante escultor brasileiro.
Bernardo Paz
Um dos mais “agressivos” colecionadores brasileiros, Paz é o idealizador do Centro de Arte Contemporânea de Inhotim, um complexo de galerias e jardins localizado em Brumadrinho, Minas Gerais. O museu, que abriga parte das obras de Paz, é considerado a maior iniciativa artística no Brasil desde a criação do Museu de Arte de São Paulo, em 1947, e no ano passado foi eleito um dos 25 museus do mundo mais bem avaliados pelos usuários do site de viagens TripAdvisor. Com mais de 400 obras, a coleção de Paz inclui esculturas, gravuras e pinturas de artistas como Cildo Meirelles, Hélio Oiticica e Chris Burden.
Ricardo Brennand
O empresário pernambucano inaugurou um 2002 o Instituto Ricardo Brennand, no bairro da Várzea, no Recife. Sediado em um complexo arquitetônico em estilo medieval, o abriga permanentemente a coleção de Brennand, com peças variadas que vão desde a Baixa Idade Média ao século 21. A instituição inclui a maior coleção do mundo de pinturas de Frans Prost, com 20 quadros, além de um acervo de armas brancas e de uma biblioteca com 60 mil volumes datados do século 16 em diante.
Joseph Safra
Um dos top banqueiros do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 15,2 bilhões, ele é dono de uma coleção à altura de seu patrimônio. Com obras de artistas consagrados internacionalmente, Safra costuma comprar e doar para instituições públicas as peças que lhe agradam. Ele já fez isso com um acervo de esculturas de Rodin, doadas para a Pinacoteca de São Paulo, e com o manuscrito original da Teoria da Relatividade de Albert Einstein, que doou ao Museu de Israel, em Jerusalém.
Carlos Sanchez
O bilionário brasileiro do setor de medicamentos genéricos usa boa parte de seus rendimentos para investir em obras de arte. Fã de artistas famosos, ele ganhou notoriedade em 2012 quando foi um dos sete ricaços que participaram do leilão, em Nova York, de um dos quadros mais emblemáticos do século 20: “O Grito”, de Edvard Munch. Na ocasião, Sanchez ofereceu US$ 85 milhões pela obra, que acabou indo parar nas mãos do norte-americano Leon Black, o vencedor do leilão com uma oferta de US$ 120 milhões. Sanchez, no entanto, não voltou para casa de mãos abanando, e arrematou na mesma ocasião um óleo sobre tela de Pablo Picasso, hoje pendurado na parede de sua casa em Campinas.
Lily Safra
Em termos financeiros, a coleção particular da bilionária brasileira radicada na Europa certamente é a mais chamativa entre os brasileiros. Além de ser uma das maiores colecionadoras do mundo de mobiliário europeu do século 17, Safra também possui um acervo de porcelanas russa e quadros e esculturas datadas desde o século 19 até os dias atuais. Em 2010 ela pagou US$ 104,3 milhões pela escultura de bronze “L’Homme qui marche I”, do artista plástico suíço Alberto Giacometti.