Marcelo D2 está lançando um novo CD, mas este não é como os outros. Não foi feito para fazer turnê, grandes shows ou qualquer coisa do tipo. “Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva” é uma homenagem do “boêmio” – como ele mesmo diz – a um grande amigo. Nesta entrevista ao Glamurama, ele fala – com a sinceridade que lhe é peculiar – sobre trabalho, férias, família, o polêmico uso de drogas e muito mais. Confira.
Por que cantar Bezerra da Silva?
“Desde quando ele morreu, em janeiro de 2005, que eu venho falando nisso. É uma conversa que já tem quase seis anos. Mas aí eu fui tocando a minha vida e fui empurrando. Bezerra foi muito importante na minha vida, ele era uma referência de sarcasmo. Lembro que, na adolescência, quando a gente cantava músicas dele, a gente se sentia mais malandro. No começo do ano, Leandro Sapucahy me perguntou se eu ia fazer algum CD este ano e eu disse que não. Aí resolvemos fazer este álbum.”
Você transita entre o samba, o rap e o hip-hop em vários momentos da sua trajetória. Você prioriza esse tipo de liberdade no seu trabalho?
“O hip-hop me ensinou que a liberdade é a coisa mais importante que você pode ter. Você pode pegar um sertanejo, ‘samplear’ e virar um rap. Minha vida sempre foi misturada, então, não me considero um rapper ou um sambista. Eu sou um boêmio!”
Você já se apresentou em vários países. Como a sua música é recebida lá fora?
"’À Procura da Batida Perfeita’ foi o responsável por tudo isso, porque foi lançado em 19 países. Percebo que a Europa nos recebe muito bem, os europeus gostam da música brasileira. Às vezes, tem umas roubadas, também, né?! Já ficamos em hotel ruim, já tocamos para cem pessoas, enquanto aqui no Brasil, a gente fica em hotel cinco-estrelas, faz show para milhares de pessoas…”
Recentemente, você declarou que gostaria de morar em Los Angeles. Por quê?
"Estou querendo morar lá para melhorar meu inglês e também para descansar, estou cansadão. Aqui em casa, eu não ia conseguir ficar parado, sempre aparece um show para fazer. Em Los Angeles, eu conheço muitos produtores, então acho que ainda assim vou produzir coisas boas também. Ah, e lá eles têm o melhor ‘bagulho’ do mundo, né?! (risos). Talvez alguns dos meus filhos vão comigo, mas a minha mulher quer ficar aqui.”
Você é um pai muito rígido com os seus filhos?
“Eu não sou rígido, pelo contrário. As mães deles reclamam demais, porque eu chamo para jogar videogame e tal. Mas tenho uma relação muito sincera com eles, não sou de meias palavras. Então, quando têm que falar comigo, já sabem que sou sério.”
Teve algo que você quis por muito tempo e que só conseguiu depois de começar a ganhar dinheiro com a música?
“Tênis! Tenho mais de 200 pares em casa. Sempre gostei muito e aí fui comprando, comprando, nem tenho mais onde guardar.”
Quem são os seus melhores amigos hoje?
“São os caras que tocam comigo, passamos muito tempo juntos. A gente viaja, toma café, sai para outros lugares juntos, é quase uma família.”
E o Planet Hemp? Existe alguma possibilidade de vocês voltarem à cena musical?
“Hoje, vejo que é impossível o Planet Hemp voltar. A gente não tem mais 25 anos, não tem aquele pique, mudamos muito e tenho certeza que, se voltarmos, vão dizer que ficou uma merda.”