A música já estava no DNA, mas um desvio no percurso – a morte do irmão Pedro – fez com que Preta Gil se afastasse do destino dela e trabalhasse durante 12 anos como publicitária. Aos 28 anos – e depois de muita terapia – ela decidiu colocar “o trem de volta no trilho” e investir na carreira de cantora. E deu certo. Na próxima sexta-feira, Preta Gil faz o lançamento do DVD “Noite Preta” em São Paulo, na boate The Week, consagrando o show que há três anos vem ganhando mais e mais admiradores.
Quando decidiu investir na carreira artística, você sentiu medo de alguma rejeição ou cobrança?
“Não tive medo de ser rejeitada ou de ser muito cobrada. Meu maior medo era comigo mesma, com minhas limitações, meu aprendizado, como seria eu mesma com a música, com o palco, com a timidez, com a vergonha. Foi isso que trabalhei até subir no palco pela primeira vez, em 2002.”
Você é muito tímida?
“Sou, por incrível que pareça. Acho que acabei criando uma personagem, que tenho em mim desde criança, que só incorporo quando estou no palco. Isso minha mãe fala pra mim desde criança, que sempre me comportei muito diferente quando tenho plateia.”
As críticas negativas já fizeram você pensar em desistir?
“Jamais. Até porque nunca ouvi uma crítica que falasse do meu trabalho, da minha música, da minha performance. Todas as críticas que aconteceram antes do ‘Noite Preta’ eram associadas à minha personalidade. Hoje tenho uma base, um espetáculo, experiência. As críticas, agora, são, na maioria, muito positivas."
Como foi no início da carreira conciliar os desafios da profissão com o papel de mãe?
“Hoje é mais um desafio do que foi no início. Ter 14 shows por mês, mais tudo o que um show demanda – tem que se preparar, dar entrevista, ficar fora de casa – tendo filho adolescente, é mais complicado do que era no começo. Mas a gente se vira. Francisco tem uma realização e uma felicidade muito grande de me ver feliz. Ele e meu marido me apoiam muito. Pior seria se eu estivesse em casa de mau humor, sem trabalhar."
Como está sendo a experiência como apresentadora?
“É muito bacana. Foi um desafio quando me propuseram falar sobre sexo. Por mais espontânea que eu seja, falar de sexo é tabu para mim também. Comecei com certo medo de não dar certo, de ficar travada. Mas fui me soltando muito com a ajuda dos meus convidados, que me surpreenderam pela disposição de falar. Já foram 13 programas e hoje tenho uma postura diferente daquela de quando comecei, mais madura.”
Cantora, atriz, apresentadora, mãe, esposa… O que falta pra você?
“Tenho muitas vontades. Sou um poço de curiosidade infinita em relação às minhas capacidades artísticas. Quero estudar, crescer. Tenho que deixar a vida fluir, estou muito feliz, muito realizada.”