Aos 18 anos, ele deu os primeiros passos como arquiteto ao criar lojas em um shopping de São Bernardo do Campo. Pouco tempo depois, foi convidado para fazer um estágio na Alemanha e, quando voltou, já não tinha mais como se dividir entre a faculdade – Belas Artes – e os novos clientes. A partir daí, Marcelo Rosenbaum não parou de trabalhar e é um dos nomes mais importantes do ramo no Brasil.
* Nessa semana, ele realizou um desejo antigo: fazer um projeto em uma comunidade carente. Ao Glamurama, ele contou mais detalhes sobre o “A Gente Transforma – Parque Santo Antônio com Suvinil ao Vivo”, em São Paulo.
Você sempre se interessou por projetos sociais?
“O sonho da minha vida sempre foi trabalhar com o público de baixa renda, sempre foi meu desejo criar para essa população. Participei de várias ONGs como posso, com meu tempo, meus contatos, meus projetos, faço leilões de objetos, crio cenários… Depois apareceu o ‘Lar Doce Lar’ – quadro do ‘Caldeirão do Huck’, na Rede Globo. Foi quando o grande público passou a conhecer o meu trabalho.”
De onde surgiu a ideia do “A Gente Transforma”?
“A ideia surgiu no fim do ano passado, no meu escritório. Este é o primeiro projeto que estamos fazendo e está crescendo muito rápido. Temos parceria com o instituto Elos, que vai até a comunidade descobrir os talentos que tem ali. Por exemplo, lá [no Parque Santo Antônio] tem uma costureira incrível, uma quituteira maravilhosa, um ótimo pedreiro, um grafiteiro bacana. A intenção é descobrir os talentos, as belezas e os sonhos dessa comunidade. Nós não queremos reurbanizar a favela, mas vamos gerar novos empregos para essa população, colorir o ambiente etc.”
Como será a realização desse projeto?
“O primeiro passo foi a mobilização. Fomos conversar com a Tia Dag, da Casa do Zezinho, para ver a possibilidade de fazer tudo isso na comunidade. Depois, fui falando com as pessoas que conheço e com os parceiros do meu escritório para trabalhar com a gente. Vamos também selecionar estudantes de arquitetura e design de cinco universidades brasileiras e uma inglesa para colocar a mão na massa durante uma semana. O papel deles vai ser olhar a comunidade, descobrir quais são os sonhos dela e colocar em prática. Cem moradores da favela vão ter oficinas de pintura da Suvinil, vamos fazer uma biblioteca, vamos pintar as casa no entorno do campo de futebol Astro. Mas tudo isso parte de dentro pra fora, não é nada imposto por nós.”
O que você espera que isso mude na região?
“Esperamos dar mais visibilidade à comunidade, para o setor público fazer uma intervenção naquele lugar e dar continuidade a esse projeto. Várias empresas já estão interessadas em participar também. Este é um projeto que tem que ser copiado, replicado em outros lugares.”
Recentemente, você se mudou com sua família para uma nova casa. O que não poderia faltar no “lar, doce lar” de vocês?
“Não poderia faltar um espaço para as crianças [Bertha, de 7 anos, e Ian, de 3 anos] crescerem e brincarem. Fiquei imaginando o que poderia ser bacana para eles e para os amiguinhos e fiz até uma casa na árvore. É o mesmo que acontece nas comunidades carentes, essa população quer criar espaços de lazer para as crianças, uma pracinha, um parquinho, uma casa de bonecas. Esse, na verdade, é um dos sonhos dessas comunidades”.