Por Denise Meira do Amaral
Pela primeira vez na história do É Tudo Verdade, uma mulher brasileira vai receber uma retrospectiva no festival. Quem é ela? Helena Solberg, 71 anos, diretora carioca ganhadora de vários prêmios, entre eles pelo documentário “Carmen Miranda: Bananas Is My Business”. A retrospectiva acompanha o lançamento do livro “Helena Solberg, do Cinema Novo ao Documentário Contemporâneo”, de Mariana Tavares. No festival serão exibidos oitos filmes da diretora, além do longa “As Aventuras de Helena – Para o É Tudo Verdade”, versão especial do programa sobre Helena Solberg dirigido por Betse de Paula e realizada especialmente para o É Tudo Verdade 2014. Confira do Glamurama com a cineasta.
– Como foi receber essa homenagem do É Tudo Verdade, maior festival de documentários do Brasil?
Eu fiquei assustada, eles já estão me arquivando (risos)? Geralmente essa homenagem é feita depois que a pessoa já partiu. Mas é ótimo que aconteça enquanto eu estou aqui. É uma volta a quem eu era. Já tenho muitos anos de cinema, imagina…
– Por que é a primeira homenagem a uma mulher? Qual é o papel feminino no mercado do cinema atualmente?
É evidente que o mercado em geral está mais aberto para as mulheres, estamos mais dispostas, interessadas e mais livres. Só temos a melhorar. Só que ainda estamos indo devagar e acho que a explicação é histórica: nós também estamos envolvidas em outras coisas, como família, casamento, etc. Mas a geração mais nova, com energia e mais gana está disposta a deixar para mais tarde o casamento e os filhos e se dedicar à carreira. Não sou pessimista, mas temos um longo caminho pela frente.
– Como você se define?
Eu tive fases. À medida que você vai crescendo, vai tendo interesses diferentes. Tive uma fase na qual a questão da mulher era mais importante, examinando o papel da mulher na América Latina, mercado de trabalho e o casamento. Depois, passei para um lado mais político, com problemáticas da América do Sul, Estados Unidos, Nicarágua, Chile e Brasil.
– De todos os seus filmes, qual é o preferido?
Amo todos. Mas acho que fico com “Carmen Miranda”, porque tem a questão dos limites entre documentário e ficção, tem um personagem fantástico que é a Carmem Miranda, toda a questão política, do olhar estrangeiro e de como somos vistos – questões que estão em quase todos os filmes.
– Quais diretoras mulheres da nova geração você admira?
Gosto muito da Tatá Amaral, de Lina Chamie, Lúcia Murat, Sandra Kogut e Petra Costa.
– Pode nos contar sobre o seu próximo trabalho?
Estou escrevendo um roteiro de ficção, mas depois eu conto mais sobre ele.
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