Autonomia feminina foi o tema da conversa desta sexta-feira entre Joyce Pascowitch e a ginecologista Albertina Duarte. A médica formada pela PUC de São Paulo tem uma missão pra lá especial na vida e na profissão: atender mulheres que sofrem com as sequelas causadas pelo preconceito, machismo e violência.
Na conversa, o feminicídio e a liberdade sexual feminina estiveram em pauta, além do empoderamento e a autonomia feminina, que estão cada vez mais presente na rotina feminina. Mas, a médica afirmou que ainda tem muito o que ser feito para dar voz às mulheres e suas vontades: “A menina na primeira relação amorosa tem medo de não agradar, olha que grave isso! Ela não tem prazer porque está preocupada em agradar. Já o homem tem medo de falhar, é treinado para ser um atleta sexual e a mulher a submissa”, explicou Albertina, que ainda ressaltou como deve ser o processo de desconstrução: “Isso é construído e precisamos desconstruir. A mulher é de ouvir e de sentir, precisa reconhecer que é desejada. Quando ela se sente rejeitada, endurece. A mulher pode dizer que está com tesão, mas para isso é preciso se libertar, já que durante anos fingiram o orgasmo e os homens se acostumaram. Elas tinham vergonha de sentir desejo”, completou.
E a evolução do empoderamento feminino? Albertina comentou também a questão: “Quando a mulher foi para o mercado de trabalho e começou a pagar seu absorvente, perfume, maquiagem, ela ganhou o empoderamento. Hoje, a mulher está muito mais forte e também tem a questão do prazer”, explicou ao completar com uma frase dela: “Não existe mulher fria, só mulher mal esquentada”.
Sobre o trabalho com mulheres que sofreram – e sofrem – violência, Albertina ressaltou para Joyce que essa é a parte mais difícil: “A violência é consequência do machismo, da dominação, do preconceito. Quando a mulher é agredida ela fica pior porque o agressor é muito violento. Ele elogia as partes que a mulher se sente insegura, fala que só ele gosta dela, pede que se afaste de todo mundo e também tem ciúme exagerado. Aí ele bate na mulher”, falou a ginecologista sobre a situação, que no nosso país é alarmante: “O Brasil é o 5º país com mais feminicídio no mundo. Ou seja, 4.500 mulheres morrem por ano, em 10 anos isso é uma guerra! Mexe muito comigo”, revelou Albertina ao declarar: “As mulheres que quase morrem são as que choram pelo corpo, sentem a dor na alma. A menstruação fica desregulada, elas ficam deprimidas e ninguém as escuta”. Para conferir a live completa, play abaixo!