Geração Z: Como o filósofo Michel Foucault explica os acontecimentos do BBB21? Audino Vilão dá a letra

Participantes do BBB 21 || Créditos: TV Globo / Reprodução

O reality show mais popular do Brasil começou há pouco e já temos diversas polêmicas, tretas e relações de poder se estabelecendo na dita “casa mais vigiada do Brasil”. E como todo bom programa da família tradicional brasileira, todos estão comentando sobre as polêmicas. A mais séria gerada até aqui, sem dúvidas envolve Lucas Penteado, no qual o mesmo teria sido “cancelado” pelos demais participantes, excluído socialmente dentro da casa e sofrendo abuso psicológico de certas personalidades. Karol Conká é a figura que mais se destaca nessa intriga, pois não satisfeita com o isolamento do ator, ainda o atacou diversas vezes causando humilhação em rede nacional.

Podemos perfeitamente explorar o que  acontece nessa situação com a ajuda de um filósofo não tão distante. Em suas obras, Michel Foucault (1926-1984), nietzschiano e francês, busca uma análise sobre o que é o poder, o que é vigilância e o controle social, que justamente são as forças que atuam dentro do ‘Big Brother Brasil’.

Então, vamos analisar essa semana “o que é o BBB” na atualidade”. Podemos começar pensando sobre a proposta do programa, que é visibilidade total e vigilância absoluta. Os participantes ganham destaque e evidência privilegiada na mídia, o que lhes proporcionam ganhar muitos seguidores nas redes sociais e, mesmo que momentaneamente, serem famosos. Em contraponto, a vigília com câmeras em todos os pontos da casa (até mesmo no banheiro), me faz ter um raciocínio simples: “Quando se é visto, pode ser julgado”, ainda mais em contexto nacional, em que todas as atitudes são transmitidas à população, o que acarreta no julgamento alheio. Isso porque o ser humano criou a ideia de privacidade justamente para tomar atitudes longe dos olhos que julgam.

Foucault ainda nos dá uma definição mais precisa para associar ao ‘BBB’, o Panóptico: modelo de cadeia idealizada pelo filósofo inglês Jerremy Bentham. Imagine o seguinte: uma prisão em forma de anel e no meio dela uma torre alta. As celas ficam viradas para frente da torre que permite vigilância total. Contudo, os prisioneiros não sabem se estão sendo observados ou não forçando a agirem baseados no medo do julgamento em consequência da dúvida, que se tornam ferramentas para o controle comportamental dos presos, pois com medo de punição assumem a conduta desejada pelos vigilantes.

O reality da Globo é basicamente isso, o Brasil inteiro olhando os participantes sem que os mesmos saibam em qual momento estão sendo assistidos, o que implica numa ‘forçação de barra’ e em comportamentos que os levam a se tornarem o que não são por essência. Todos vestem máscaras, mas elas não duram 24 horas e, uma hora ou outra, alguém se perde no personagem ou em si mesmo. É nesse momento que o julgamento alheio acontece e se caso uma pessoa no jogo haja de forma não coerente com a máscara imposta, o restante será obrigado a rejeitar sua atitude motivado pelo medo.

Na próxima coluna abordaremos a questão da “Microfísica do poder”, a relação de poder entre os participantes.
Assista o vídeo a baixo para entender mais! (*Audino Vilão, filósofo, cursa História na universidade e é youtuber – no insta @audinovilao e no Youtube)

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