Geração Z: Audino Vilão compara negacionismo em pleno século 21 a retorno da Idade das Trevas

Em pleno século 21, conhecido como “a era da informação”, em que avanços tecnológicos na área da comunicação vem fortalecendo os laços entre pessoas dos quatro cantos do planeta, seria engraçado se não fosse trágico dizer que estamos mais próximos da “idade das trevas”, em que a desinformação e o folclore popular ganham força e teorias da conspiração fazem contraponto à própria ciência. Idade das trevas se refere ao período histórico da Idade Média, entre os séculos V até mais o menos XV, quando a ciência foi deixada de lado muito por justificativas religiosas e delirantes que invadiam o imaginário popular.

Muitos historiadores não concordam com o termo Idade das Trevas, pois desqualifica alguns avanços importantes para a civilização, tais como arquitetura, arte, as primeiras universidades, contudo nosso foco aqui é um comparativo com 2021 e a era feudal.

Podemos entender a perseguição de vários cientistas medievais sob acusação de heresia. O radicalismo religioso cegava a população. Temos como referência o físico Galileu Galilei, que contribuiu, e muito, com o pensamento moderno, que ao bater de frente com o geocentrismo da época foi perseguido.

A cultura popular, o senso comum e a doutrinação fanática eram aspectos que sobrepunham qualquer razão na Idade das Trevas. Mas o que é o negacionismo moderno? Podemos entender como definição o ceticismo/suspeita/negação à ciência e fatos concretos comprovados empiricamente. Uma suspeita baseada em pensamentos sem fundamento, senso comum e ideologias manipuladas para servir de massa de manobra e teorias da conspiração. Esse ceticismo é propagado por várias personalidades de destaque na mídia. “Falsos” pensadores que se auto intitulam filósofos, governantes, e claro, aquele sujeito que compartilha correntes no Whats App, o que ocasiona o fenômeno que vem infectando a comunicação: as fakenews.

Vivemos tempos difíceis. Até o momento o coronavírus matou mais de 200 mil pessoas no Brasil, e com certeza você conhece alguma pessoa que foi vítima da Covid-19. Chega a ser ilógico imaginar que a população e autoridades políticas apresentem uma ignorância sem precedentes no que diz respeitos à pandemia. O negacionismo traz como consequência a morte de milhares de brasileiros.

A campanha anti-vacina, a crise sanitária e o colapso do sistema de saúde dão vontade de arrancar os cabelos fio a fio. Pessoas que acreditam mais em remédios que já foram descartados cientificamente como combate à doença em vez de uma vacina desenvolvida em laboratório com esforços coletivos do mundo inteiro, são uma evidência da crise ma informação que se consolida no Brasil.

Discursos que desencorajam a vacinação vindo de autoridades só reforça o lado pejorativo da nossa era, tais como “Se tomar a vacina e virar um jacaré, eu não tenho culpa”, um completo desserviço à humanidade em plena calamidade sanitária. A grande virada na história se dá quando se inaugura o período iluminista, com seus pensadores e cientistas. A partir de então a sociedade passa a confiar mais na ciência e na razão do que em especulações sem fundamento. Aí a civilização avança. O ceticismo deve sim existir, mas ele é dotado de coerência. (*Audino Vilão, filósofo, cursa História na universidade e é youtuber – no insta @audinovilao e no Youtube)

*

Para nos aprofundarmos mais nessa questão, dá o play:

Sair da versão mobile