Imagine um encontro de Alice, do livro “Alice no País da Maravilhas”, Dorothy Gale, de “O Mágico de Oz” e Wendy Darling, de “Peter Pan”, já adultas, num hotel de luxo na Áustria, em 1913, para descrever e partilhar aventuras eróticas. Esse é o tema da trilogia “Lost Girls”, uma graphic novel pra lá de apimentada, escrita pelo consagrado Alan Moore e ilustrada por Melinda Gebbie, co-autora também de “The Cobweb”.
Nos três volumes de “Lost Girls” somos apresentados a versões bem mais calientes das histórias das mini-heroínas, onde o outro lado do espelho de Alice aparece como uma fuga psíquica, no momento em que estava sendo molestada por um amigo do pai; Wendy teve um caso tórrido com Peter Pan; e Dorothy descobriu sua sexualidade transando com o leão e o espantalho, que aparecem metaforicamente como traços da personalidade de empregados da fazenda de seu tio, onde foi criada. Tudo isso sem falar nos encontros das três personagens, que sempre acabam em transas quentíssimas.Lost Girls, embora tenha o estilo pseudo-rebuscado de narrativa característico das graphic novels, e alguns erros imperdoáveis de concordância na tradução, é bem excitante e divertido.
O lançamento nos EUA pela Top Shelf Productions causou comoção e foi alvo de um bombardeio vindo de críticos mais radicais e moralistas, que não aprovaram o conteúdo erótico utilizando personagens de livros infantis – como se todos nós já não tivéssemos crescido. No entanto, se você tiver filhos pequenos, talvez seja melhor guardar a sua coleção numa prateleira alta, pelo menos até que eles cheguem à estatura de alcançá-los.Para se ter uma idéia da carga erótica das histórias e do sucesso da parceria de Moore e Gebbie, durante os dezesseis anos que levaram para concluir a obra, o casal se apaixonou e acabou se casando em 2005. Uma prova de que para cada um há sempre o seu cada qual. Vale conferir.
Por Luciana Pessanha