Por Thayana Nunes
Gaby Amarantos está podendo. Depois de subir no palco da Virada Cultural neste fim de semana, em São Paulo, ela parte para a Europa onde se apresenta no “Momento Brasil” do Festival de Cinema de Cannes. Em seguida dá início à sua primeira turnê internacional soltando a voz em pleno Central Park, em Nova York. “Saiu no guia ‘Time Out’ que um dos dez shows mais esperados deste verão é o meu”, diz ela.
Mas, apesar do sucesso, Gaby continua a mesma. Já declarou várias vezes que não deixa o bairro de Jurunas, na periferia de Belém, no Pará, local onde cresceu. Faz questão, inclusive, de sempre hypar sua raízes. Também comentou com Glamurama que fez de tudo para cantar com Loalwa, ex-vocalista da banda de lambada Kaoma, hit máximo do final dos anos 1980, na Virada. “Sou muito fã. Eles vão se apresentar a 1h e eu não ia poder assistir. Então liguei para a produção e perguntei se poderia cantar com eles. Consegui”. Sim, ela consegue tudo! Confira nosso Perfil Glamurama.
– Além da Loalwa, você vai cantar com Elza Soares na Virada. Deve ser o máximo dividir o palco com a nossa diva do soul. “Do lado da Elza eu fico pequenininha. Até difícil falar dela. Ela é uma ‘garota de 15 anos’. Fica brincando o tempo inteiro, me ensinou muito. Tão visceral. Brinco com ela porque minha mãe se chama Elza e agora eu falo que ela é minha mãezinha. Uma das lições que ela me passou é para eu nunca deixar de ser quem eu sou. Seguir minhas convicções, não deixar que mudem meu estilo.”
– Já te pediram para mudar seu estilo? “Agora não mais, mas no início da carreira muitas vezes, desde que eu me entendo por gente. O tecnobrega era visto como o funk no início, todo mundo tinha vergonha de falar que cantava. Venho de uma família de sambistas e não entendia porque o samba era MPB e todo mundo tinha orgulho. A música que eu canto é musica popular brasileira. Canto desde os 18 anos profissionalmente, mas comecei com 15 na igreja. Sempre quis cantar algo breguinha. Não sou a criadora dele, mas sei que agreguei valor ao tecnobrega.”
– A carreira internacional é algo novo. Como está se sentindo em sua primeira turnê gringa? “Primeiro fiquei conhecida lá fora. Isso é muito cultural aqui… Brasileiro só gosta de quem faz sucesso lá fora. O que está acontecendo agora vem de uma estrada de cinco anos. Lembro que jornalistas da BBC iam me procurar no Pará para fazer um documentário sobre o tecnobrega, vinha gente da China, Alemanha… Aí não faltaram convites para ir para fora. Mas não quis. Sabia que tinha que consolidar minha carreira no Brasil antes.”
– E escolheu Cannes, Estados Unidos e Inglaterra para começar? “Cannes não faz parte da minha turnê. Só vou fazer show. Saiu da ‘Time Out’ que um dos dez shows mais esperados deste verão em NY é o meu. A BBC vai filmar tudo para um documentário, a Embaixada Brasileira vai me receber. O que eu quero é realmente tocar para o público estrangeiro.”
– É a nova fase de Gaby Amarantos. “Desde sempre soube que ia ser uma mulher do mundo. Não sabia direito o que fazer, se ia ser cantora ou atriz. Mas sentia que ia ser do mundo. A música foi meu grande portal para o mundo. Já fui comparada a artistas internacionais. Já me chamaram Beyoncé do Pará, Tina Turner da Amazônia, Lady Gaga Tupiniquim…”
– E ainda vai fazer o filme “Crô”, de Aguinaldo Silva… “Sou atriz antes de ser cantora. Só aqui no Brasil as pessoas pensam que as cantoras não podem ser atrizes. Nos Estados Unidos todo mundo faz tudo.”
– Ano passado, você disse que tinha acabado de terminar um relacionamento sério… Já encontrou um novo amor? “Estou bem tranquila em relação a isso. Tão feliz com tudo o que está acontecendo na minha vida. Estou realizando um sonho e colhendo os frutos de muito trabalho. Não penso em um amor por enquanto.”