Morto no último sábado, aos 91 anos, em decorrência de uma doença de causa não revelada, o empresário sueco Ingvar Kamprad – fundador da gigante de móveis e itens de decoração IKEA – está sendo descrito por grande parte da imprensa internacional como bilionário, mas a verdade é que ele já não fazia parte do clube dos dez dígitos desde 2016.
Kamprad, que chegou a aparecer entre as dez pessoas mais ricas do planeta entre 2005 e 2010, odiava qualquer menção à sua fortuna e em 2011 chegou a ordenar que seus advogados provassem aos editores da revista “Forbes” que a fatia dele na rede varejista havia sido transferida de maneira irrevogável para uma fundação filantrópica com sede em Lichtenstein.
Nos anos seguintes ele continuou aparecendo no ranking de bilionários da publicação, embora com um patrimônio bem menor proveniente de outros investimentos, até finalmente ser excluído do levantamento há dois anos quando transferiu tudo que lhe restava para os três filhos: Peter, Mathas e Jonas, todos bilionários. Caso não tivesse realizado a manobra, Kamprad teria hoje mais de US$ 60 bilhões (R$ 190 bilhões) na conta e seria pelo menos o nono homem mais rico do mundo
Outro detalhe curioso da biografia do empresário: além do estilo de vida quase austero que tinha, a ponto de dirigir o mesmo carro por décadas e só viajar em classe econômica, ele fazia de tudo para pagar o menor valor possível em imposto de renda e em 1973 chegou a se mudar para a Suíça, país onde o leão costuma ser bem menos faminto do que em outros lugares da Europa, para fugir do que considerava taxações excessivas.
Kamprad só voltou para sua terra natal – a pequena Älmhult, no interior da Suécia – em 2014, prevendo que estava perto do fim da vida e com o intuito de realizar o desejo de morrer perto da fazenda onde nasceu e do mesmo jeito em que veio ao mundo, sem qualquer luxo, o que de fato conseguiu. (Por Anderson Antunes)