Para Betina Samaia a noite é “a metáfora para tentarmos entender nossos mistérios mais profundos”. As fotografias noturnas de Betina agora vão poder ser vistas na individual “Azul”, que abre com lançamento do livro de mesmo nome no MIS – Museu da Imagem e do Som -, nesta segunda-feira. São duas séries compiladas na mesma mostra: os Iluminados e os Noturnos . Betina é representada pelas galerias Arte 57 e Lume e quem assina a curadoria da exposição é Eder Chiodeto. Glamurama bateu um papo com a artista, que também é psicóloga.
Por Verrô Campos
Glamurama: Como surgiu a ideia para a exposição e o livro?
Betina Samaia: “Acho que é um processo de amadurecimento. Demorou um pouco para sentir que o trabalho estava maduro o suficiente para ser apresentado em uma exposição e em um livro. Mas quando chega a hora, o universo conspira a favor. É como uma gestação- o filho só nasce na hora certa.”
Glamurama: Por que Azul?
Betina Samaia: “Azul é a cor da noite, do infinito, do espírito, do Universo. E o meu trabalho fala sobre tudo isso. A noite cheia de mistérios e a minha fascinação com ela vem disso. Tento, iluminando parte da noite, revelar seus segredos. Como psicóloga me interesso em explorar o inconsciente e a noite é a metáfora para tentarmos entender nossos mistérios mais profundos. Principalmente para levantar questões : quem somos, de onde viemos e o que estamos fazendo aqui. Imagens não são respostas. Não existem respostas. Imagens são estímulos que nos obrigam a refletir e é isto que me interessa na fotografia: estimular a reflexão.”
Glamurama: Por quais lugares você passou para produzir o material? E por quanto tempo?
Betina Samaia: “Esse livro e exposição reúnem duas séries complementares- os Iluminados e os Noturnos. Fiz os Iluminados de 2009 a 2010 e os Noturnos de 2011 até agora. Foram feitos em muitos lugares: Butão, Birmânia, Rio de Janeiro, Estados Unidos – Joshua Tree Park, Monument Valley, Sedona e Nova York -, Veneza, e Brasil.”
Glamurama: Existe algum lugar que você ainda queira fotografar?
Betina Samaia: “Existe algum lugar que eu não queira fotografar?”
Glamurama: Quais foram os “perrengues” para produzir as imagens de longa exposição?
Betina Samaia: “Acho que perrengue é o que não falta em fotos noturnas. Um dos maiores que passei foi em Goiás, quando fui fotografar uma cachoeira que ficava a 1:30 h de caminhada só com uma lanterna, numa trilha dificílima e, numa mesma noite, encontrei duas jararacas! Outra vez, quando estava praticamente no fim do mundo, desabou um temporal descomunal, e eu tive que ficar estática por quarenta minutos em uma pedra minúscula de 1×1 metros a beira de um penhasco e usar a minha capa de chuva para cobrir o equipamento.”
Siga a seta para um preview da exposição.
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