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Estrela Leminski apresenta Leminskanções no Auditório do Ibirapuera

Nem todo mundo que cita Paulo Leminski no Facebook sabe que o poeta, morto aos 45 anos em 1989, também era um grande compositor. Pois Estrela Leminski, filha dele e da também poeta Alice Ruiz, quer acabar com isso. A escritora, cantora e compositora se debruçou por seis anos sobre o legado musical do pai e o resultado é o CD duplo “Leminskanções”, com 25 músicas próprias e de parcerias, sendo que 11 delas inéditas. No disco, parceiros e amigos da família como André Abujamra, Arnaldo Antunes, Bernardo Bravo, Ná Ozzetti, Serena Assumpção, Zeca Baleiro e Zélia Duncan.

Estrela vai trazer tudo isso a São Paulo, com um show no Auditório do Ibirapuera, no dia 31 de janeiro, acompanhada pela banda “Os Pauleira” e com participações especiais de Edvaldo Santana, José Miguel Wisnik, Gisele de Santi, Ná Ozzetti e Zeca Baleiro.

Com Glamurama, ela  teve uma conversa repleta de boas lembranças e muito a descobrir sobre o poeta.

Glamurama: Como foi resgatar as composições de seu pai? Você acredita que a produção musical dele tenha sido pouco valorizada?

Estrela Leminski: É muito maluco, esse meu resgate tem a ver com uma nova descoberta da vanguarda paulista, coisas que sempre ouvi na minha infância. Eu achava que Itamar Assunção era tão famoso quanto Chico Buarque (risos). Passado muito tempo, eu fui observando que o que chamavam de “nova música” havia sido influenciado por essa turma. Quanto mais meu pai foi reconhecido como poeta, menos ele era conhecido como compositor, atribuíam aos seus parceiros e intérpretes as suas composições, como em “Verdura”, cantada por Caetano que é toda dele. Foi aí que decidi fazer o show com o seu repertório, músicas da minha infância. Ele deixou tudo para os parceiros e amigos gravarem e foi perdendo o reconhecimento. Toda a poesia foi deixada organizada por ele, mas as músicas, não. Eu brinco que ele deixou o “capricho” para a poesia e o “desleixo” para a música. Era desafinadíssimo, tocava só o suficiente para compor e dizia que não tinha tempo para a indústria cultural, queria deixar a sua obra.

Glamurama: Paulo Leminski morreu quando você tinha 8 anos. Qual a sua lembrança mais forte dele?
Estrela Leminski
: Era um pai atípico, ficava muito comigo em casa, no dia a dia, era meio atrapalhado com as tarefas de casa e divertido, generoso, engraçado… Era uma usina criativa ambulante, sempre estimulava a gente, ou ensinando a lutar judô [ Leminski era faixa preta e falava japonês], ou colocando um violão no nosso colo. Mas também, quando sentava no computador, não queria ser atrapalhado.

Glamurama: Embora você fosse tão pequena, as  suas lembranças parecem muito nítidas…
Estrela Leminski
: É engraçado mesmo, encontro gente que fala que se sente perto do meu pai quando lê a obra dele, gente que brinca que é “quase como um tio meu”. Acho que comigo acontece a mesma coisa, a obra dele me deixa mais íntima.

Glamurama: Qual a sua opinião sobre as milhares de citações a Paulo Leminski no Facebook?
Estrela Leminski: Isso aconteceu depois do “Toda Poesia”. Acho incrível e o motivo vai além, ele falava que o haicai era macro-informação no mínimo espaço, isso muito antes da internet. Seus textos sempre foram de impacto, concisos, graças também à publicidade, que o ajudou muito na poesia. Uma multiplicidade, um texto que dialoga com todas as coisas, tudo isso tem muito a ver com o nosso tempo.

Glamurama: Seus pais eram da contra-cultura e do movimento hippie. Você leva consigo um pouco disso na vida hoje?
Estrela Leminski
: Eu acho que sim, observo uma forma na criação dos meus filhos [Estrela é mãe de Leon, 7 anos e madrasta de Vinícius, 14 anos]. A dinâmica familiar nossa é muito assim, com quebra de padrões, inserindo os filhos no cotidiano, tratando-os não como crianças, mas como pessoas. Meu marido também é músico [Téo Ruiz, voz, violão e guitarra na banda Os Paulera, que acompanha Estrela no show] e eles nos acompanham o tempo todo. A educação é muito diferente da tradicional, eles não têm horário para dormir, cada dia é um dia, foi assim que eu aprendi, nada careta.

Glamurama: Quem escolheu o seu nome? Como foi?
Estrela Leminski: Tudo começou com uma música do Stevie Wonder. Minha mãe [Alice Ruiz] não queria saber o sexo do bebê. Então, meu pai escolheu Leon se fosse menino e minha mãe escolheria o nome se fosse menina. Por causa da música, que dizia “the star is a seed, a seed’s a star”, ela chamava o bebê de semente. Quando eu nasci ela pensou: “a semente é uma estrela!”, e assim escolheu o meu nome.

Glamurama: Qual a sua poesia de Paulo Leminski preferida?
Estrela Leminski: É bem difícil, na verdade vai mudando de ano em ano, mas tem um poema que acredito que tenha sido feito para mim, com o qual tenho um vínculo afetivo: “A noite – enorme, tudo dorme, menos teu nome” . Eu acordava muito de madrugada e ele sempre ficava comigo, vendo televisão e comendo pão com requeijão.

Glamurama: E a música preferida?
Estrela Leminski
: Música é ainda mais difícil, não sei dizer, tanto que no CD coloquei todas as vinte e cinco músicas dele.

(Por Verrô Campos)

Para ouvir “Leminskanções” aperte o play!

 

 

 

 

 

 

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