Entre diversas características, Fernando Rocha se tornou inesquecível pelo bom humor. À frente do Bem-Estar durante 10 anos, o jornalista reinventou a maneira de apresentar um programa sobre saúde com todo o seu alto astral. “Eu já fiz teatro, talvez isso tenha ajudado, mas na verdade eu sempre fui assim”, lembra ele.
Aos 53 anos, a vida de Fernando mudou em 2019 após se desligar da televisão. Sempre criativo, ele decidiu investir na internet e, além de ficar mais presente nas redes sociais, ainda tem dois podcasts. Além do mundo virtual, Fernando também aproveitou o tempo para terminar o seu livro “Como Ser Leve Em Um Mundo Pesado”, que deu nome à uma palestra sobre o mesmo assunto. A seguir, confira a nossa entrevista com Fernando Rocha, que apesar de todo o sucesso, ainda quer voltar à televisão. (por Jaqueline Cornachioni)
Glamurama: O que tem feito nessa quarentena?
Fernando Rocha: Costumo dizer que caí desse caminhão de mudança em 2019, um ano antes de tudo isso começar. Depois de quase 30 anos na mesma empresa, com o mesmo cartão, me desliguei da televisão, então teve essa ruptura. Tempos depois, a minha mulher também deixou a TV. Então comecei com outros projetos. Consegui terminar o meu livro “Como Ser Leve Em Um Mundo Pesado”, e ele dá nome a uma palestra sobre o mesmo assunto. Agora com a pandemia, estamos procurando meios virtuais de fazer essas palestras. Além disso, gravo dois podcasts: um que fala sobre machismo e chama “Macho Detox”, e outro que chama “Na Medida do Possível, Ou Quase”, onde falo sobre saúde. Também faço projetos solidários, como o “Dois Paes e Um Pingado”, no qual levamos todos os dias café da manhã para moradores de rua na região da Sé, e uma campanha ao lado da minha mulher para ajudar famílias bolivianas que vivem em condição de trabalho escravo. Nesse período, ela se dedica praticamente 24 horas a isso.
G: O Podcast ‘Macho Detox’ nos chamou a atenção. Como você conseguiu se desconstruir?
FR: Eu não me desconstruí, mas fiz o podcast para isso. Com tempo de profissão, você percebe que o jornalismo educa enquanto trabalhamos. Então descobri que poderia debater sobre machismo e causar reflexões. Porque aquela piada machista que eu dava risada não é engraçado? Porque é errado rir? Eu fui percebendo que existe um campo enorme para debate nesse assunto. E os homens são muito tóxicos em alguns momentos, principalmente quando se trata de sexualidade, tratando mulheres como objetos a serem possuídos. Isso é muito negativo. Aos 53 anos, senti que podia falar sobre.
G: Pelo o que vemos, você descobriu o poder da internet bem antes da pandemia, certo?
FR: Com certeza. Quando me desliguei da TV, eu já estava entendendo que a internet seria um lugar interessante para quem tem múltiplas ideias, e eu sou esse tipo de pessoa. Sempre fui muito ativo e criativo. Entendi que muito da maneira como nos expressamos hoje é através de vídeos, então sabia que os ventos estavam mudando e que a internet faria mais parte da minha vida. Quando começou a pandemia, eu já estava o tempo todo em casa, então essa parte não mudou.
G: Durante a quarentena, muitos artistas resolveram entrar de cabeça no mundo das lives. Como foi com você?
FR: Eu também tenho feito muitas lives, e com o intuito de ajudar. Como jornalista, fiquei pensando em como poderia fazer a diferença então, desde o início, pesquisei brasileiros que estavam em diversos países para falar sobre os perrengues que estavam passando por lá e ajudar na situação. Depois, com o tempo, comecei a fazer lives sobre diferentes assuntos, e algumas bem divertidas.
G: Os fãs lembram das suas danças e brincadeiras da época do Bem Estar?
FR: Lembram muito. Quando temos lives divertidas, sem ser sobre assuntos sérios, as pessoas me pedem para fazer a dança do ‘estremelique’, ou falar sobre a história da clara com o ovo. E eu falo, claro. Acho super divertido.
G: Mesmo com tantos projetos virtuais, sente vontade de voltar para a televisão?
FR: Gosto de dizer que sou bicho de televisão, é o meu habitat. É claro que todos esses projetos estão me ajudando a me conhecer melhor, mas o que eu tenho com a TV é especial. E eu sei que, com certeza, voltarei. É essa a energia que vibro para o universo.
G: Você ficou conhecido no Bem Estar por ter uma veia cômica bem apurada. Como é misturar jornalismo e bom humor?
FR: Já fiz teatro, talvez isso tenha ajudado, mas na verdade sempre fui assim. É o meu jeito, está no meu DNA. Quando comecei como locutor de rádio em Minas, ainda meio adolescente, muitas pessoas ligavam para pedir que fosse mais calmo. “Você acordou, mas a gente ainda não”, era o que os ouvintes diziam. Então isso sempre esteve comigo e, em algum momento, se tornou uma característica interessante para um programa de TV como o Bem Estar.
G: Falando no Bem Estar: o que você aprendeu de mais precioso sobre saúde ao longo desse tempo?
FR: Aprendi que informação é um remédio precioso. E, em um momento de Fake News, essa frase fica ainda mais iluminada. Tomar um remédio errado, ou falso, mata. Assim como uma informação falsa também pode matar ou fazer com que as pessoas não entendam de fato a realidade.
G: E como foi lidar com esse momento de coronavírus longe da família, principalmente quando seu pai e seu filho ficaram doentes?
FR: Foi muito triste e preocupante esse momento. Sempre que via o número de infectados, sabia que o meu pai e o meu filho estavam ali. De qualquer forma, mantemos a quarentena de maneira rigorosa e foi muito bom conviver com o meu filho de 22 anos. Quando iria imaginar que passaria tanto tempo com ele? Essa parte foi fantástica.
G: Falando nisso, o que tem achado da postura do governo?
FR: Eu lamento muito que as questões sanitárias tenham virado questões políticas. Vi vários países lidando de outra maneira, mas atrasamos muito os cuidados e parece que já entramos nessa luta perdendo. Temos que lembrar que a ciência é soberana.
G: Após a pandemia, quais são os seus projetos?
FR: O meu grande objetivo de 2021 é poder rodar com o meu livro e a palestra pelo Brasil. Nós vamos lançar ele em outubro, na primeira quinzena, e estamos pensando em algo no estilo ‘drive-in’. Mas, quando isso tudo acabar, a ideia é sair por aí pessoalmente.