Foi nessa quarta-feira no Teatro Tom Jobim, dentro do Jardim Botânico do Rio. Em um cenário que reproduzia a sala de uma casa, Mateus Solano recebia -um de cada vez- vários funcionários da Globo que de alguma forma mostraram para o telespectador o compromisso da emissora com assuntos que envolvam responsabilidade social, quase um evento corporativo. Passaram por lá Sandra Annenberg, Caco Barcellos e… Teo Pereira, personagem de Paulo Betti em “Império”, para falar sobre a conscientização contra a homofobia.
Sabe de nada, inocente
“O Felix [também conhecido nas redes sociais como ‘Bicha Má’, papel de Mateus na novela ‘Amor à Vida’] é uma ameaça tremenda porque você fez de forma brilhante. O Teo mostra bem essa era da superexposição e é obcecado por pisar nas pessoas. O que ele não tem certeza, publica no blog dele com um ‘ouvi dizer que’, ‘estão falando’… Ontem no supermercado um cara de voz grossa veio me perguntar se foi um castigo da Globo me dar esse personagem. Respondi: ‘Sabe de nada.’ A melhor coisa é poder desmunhecar. Nos anos 70, quando eu estava na escola de artes dramáticas, tinha um colega que era muito gay. Naquela época, as coisas eram diferentes. Como eu trabalhava durante o dia em um escritório, ele me pediu para corrigir um currículo que ele ia mandar, pedindo um emprego. No final, ele tinha escrito: ‘sou todo espera e ansiedade’. Naquele tempo, não ia levar de jeito nenhum o tal emprego…”, contou Paulo antes de incorporar Teo.
Bofe de ouro
Quem deu a deixa foi Mateus, que começou a ajeitar a sobrancelha com o dedinho -tique de Felix- e soltou: “Quem acredita na mudança das pessoas é transportadora, eu não.” Teo Pereira? “Felix, sai do armário! Ou seu perfume francês vai virar naftalina.” O público, que incluía Renato Aragão e Manoel Carlos, caiu na gargalhada.”Você viu o Caco Barcellos aqui? Um bofe de ouro”, devolveu Mateus, encerrando a brincadeira. “Esses dois não caberiam em uma mesma novela”, concluiu. Não mesmo…
Desmunhecando… Na vida real
Fora do palco, Paulo conversou com a gente. “Não acho que o artista tenha que obrigatoriamente se envolver em alguma causa, mas muita gente sente esse impulso, uma vontade de participar que é irrefreável. É o que acontece comigo. Quando vejo manifestações, pessoas levantando bandeiras, vou logo as carregando!” Sabe aquele ditado, “não leve o personagem pra cama”, glamurette? Não é pra exagerar, mas olha o que o ator nos confessou: “Acabo carregando muito o personagem. Estou com alguns trejeitos dele. Mas também acho que algumas pessoas veem coisa onde não tem. Estão dizendo que o Zé Mayer [que faz Claudio, o gay que não quer expor sua sexualidade, em ‘Império’] está desmunhecando e ele não está!” (Por Michelle Licory)