Operações da PF chamam atenção pela criatividade. Relembre!

José Antunes Sobrinho, da Engevix || Créditos: Agência Brasil

“Nessun Dorma”

A 19ª fase da Operação Lava-Jato deflagrada na manhã desta segunda-feira – que levou à prisão José Antunes Sobrinho, um dos sócios da construtora Engevix, e João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador do PMDB –  foi batizada Nessun Dorma, que significa “ninguém durma”, em italiano. O nome escolhido pela Polícia Federal para investigar o setor elétrico faz referência ao trecho da ópera “Turandot”, composta em 1926 pelo italiano Giacomo Puccini. Em “Nessun Dorma”, a princesa Turandot determina que ninguém deve dormir: todos passariam a noite tentando descobrir o nome do príncipe desconhecido, que desvendou os três enigmas impostos por ela e que tem direito, portanto, à sua mão. A Lava Jato também teve fases chamadas de “My Way”, “Que País é Esse?”, “A Origem”, “Pixuleco”, “Pixuleco II” e “Politeia”.

A Anaconda no filme de mesmo nome || Créditos: Reprodução

“Anaconda”

Não é de hoje que a Polícia Federal tem escolhido nomes com mensagens subliminares, lúdicos e revestidos de moral para nomear suas operações. Em 2003, chamou de “Anaconda” – cobra que no Brasil é mais conhecida como Sucuri – a operação que investigava negociações ilícitas entre criminosos e membros do Judiciário. A Anaconda tem ação lenta: envolve a presa e a comprime até matá-la, quebrando seus ossos.  A operação levou mais de um ano até as primeiras prisões, mas a meta, segundo a PF, era “quebrar a espinha dorsal” do crime organizado.

O “Narciso” de Caravaggio || Créditos: Reprodução

“Narciso”

Já em 2005, a operação que culminou na prisão de Eliana Tranchesi, dona da Daslu, foi intitulada Narciso. O mito é relativo à vaidade, em grego Narciso é aut0-admirador. O rapaz de extrema beleza não se interessava por ninguém e acabou morrendo imobilizado, quando se deparou com sua própria imagem refletida. A Daslu vendia roupas de grifes estrangeiras a preços competitivos e a operação na época trouxe à tona a sonegação fiscal que permitia isso.

Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas || Créditos: Agência Brasil / Paulo Freitas

“Satiagraha” e “Toque de Midas”

Em 2008, a PF escolheu “Satiagraha” para nomear a operação que prendeu os poderosos Daniel Dantas, dono do banco Opportunity, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o empresário Naji Nahas, acusados de desvio de verbas públicas e crimes financeiros. O termo significa resistência pacífica e silenciosa e foi usado primeiro pelo pacifista Mahatma Gandhi durante sua campanha pela independência da Índia. Em sânscrito, Satya é verdade e Agraha, firmeza. Ainda em 2008, a operação que realizou mandados de busca na casa do empresário Eike Batista para combater fraudes em licitações na concessão da Estrada de Ferro do Amapá, recebeu o título de “Toque de Midas”. Uma referência à lenda do Rei Midas, da Grécia, do qual se dizia que todas as coisas em que tocava se transformavam em ouro.

A operação “Castelo de Areia” que ao fim foi anulada em 2011 || Créditos: iStock

“Castelo de Areia” e “Zelotes”

Já em 2009, quando uma das maiores empreiteiras do Brasil, a Camargo Corrêa, era o alvo por suspeitas de doações ilegais a partidos e crimes financeiros, precedendo a Lava-Jato, a Polícia Federal taxou a operação de “Castelo de Areia”. A operação durou apenas 24 horas, e foi engavetada por ter sido iniciada unicamente por denúncia anônima. No presente ano a PF batizou “Zelotes” a operação que investiga o esquema de corrupção no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF), órgão da Receita Federal responsável por julgar autuações contra empresas e pessoas físicas. O termo significa falso zelo ou cuidado fingido. Refere-se a alguns conselheiros julgadores do CARF, que não vinham atuando com o zelo e a imparcialidade necessárias. É  a grande operação da sonegação, surgiu na esteira do Swissleaks e acontece no mais absoluto sigilo. Corre à boca miúda, que algumas das famílias mais ricas e conhecidas do país estão na lista. (Por Paula Bonelli)

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