Um dos maiores poetas brasileiros da atualidade, Fabrício Carpinejar conversou com o Glamurama para falar sobre seu novo livro de crônicas, “Me ajude a chorar”. Elaborado a partir dos dramas pessoais e de catástrofes coletivas, como por exemplo o caso da boate Kiss, em Santa Maria, a dor aparece como o personagem principal da obra e reúne textos escritos ao longo de 10 anos. Confira a entrevista!
Como define seu novo livro “Me ajude a chorar”? Quais perdas pessoais você aborda no livro?
O livro tem uma toada triste, melancólica e reflexiva, mas tento resolver isso sempre com esperança. Falo muito das perdas da minha infância, da minha dificuldades de adaptação na escrita, na escola, das minhas desilusão amorosa, de brigas familiares, mas sempre deixando claro que isso é muito natural. As minhas cicatrizes não são inventadas. O sangue é real.
A perda e a dor têm o seu papel?
Têm. Respeito o tempo do choro. Não quero me sentir muito mais importante que a dor. Não quero ser mais carente que a minha dor. Muita gente gente costuma usar a dor para se mostrar. Nos sentimos importante com a dor. Eu não quero isso. E isso resulta muitas vezes em senso de humor. O dia pode estar péssimo, terrível, até às 23h50, mas nos 10 minutos finais posso virar o dia.
Como recebe a crítica de ser um dos mais importantes escritores poetas brasileiros?
Eu recebo bem, seria ruim se eu fosse um dos piores poetas (risos). Isso me dá confiança. Toda a humildade que é usada é falsa. Humildade é o único sentimento que a gente não pode confessar.
*Fabrício Carpinejar recebeu diversos prêmios, entre eles o Maestrale/San Marco (2001), Açorianos (2001 e 2002), Cecília Meireles (2002), Olavo Bilac (2003) e Prêmio Erico Verissimo (2006) e vem sendo aclamado por escritores do porte de Carlos Heitor Cony, Millôr Fernandes, Ignácio de Loyola Brandão e Antonio Skármeta como um dos principais nomes da poesia brasileira contemporânea. (Por Denise Meira do Amaral)