Por Thayana Nunes
Sabe aquela pergunta que todo mundo faz ou já fez: “Onde estarei quando chegar aos 30?”. Fábio Porchat não passou por isso. Simplesmente chegou. E bem. Transformou o jeito das pessoas se relacionarem com a internet -e soube ganhar dinheiro com isso-, é um comediante de mão cheia e ainda está na maior emissora do país, a Globo. Arranjar um tempinho para conversar com ele é difícil, já que Fábio consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo: no cinema com “Meu Passado Me Condena – O Filme”, nos palcos com o stand up “Fora do Normal”, na televisão com o quadro do “Fantástico”, “Medida Certa”, e na internet, claro, com o sucesso “Porta dos Fundos”, que a cada semana lança esquetes visualizados por milhões de pessoas. Bom, Glamurama conseguiu dez minutinhos com ele, durante o lançamento da nova coleção da Schutz, na flagship da Oscar Freire, nessa terça-feira. Olha só.
– Trinta anos, Fábio. Essa data é sempre significativa na vida das pessoas. Chegou bem? “Acho que bem, né? Não sou muito ligado à idade, nem sei quantos anos eu tenho direito. Vou fazendo as coisas, vou trabalhando, não me sinto diferente do que eu era há três anos. ‘Ai meu Deus, e os 31 como serão?’ Cheguei aos 30 com bastante realizações, acho que isso me dá tranquilidade. Mas eu não paro. Vou fazendo um monte de coisa porque gosto. Quando não estiver conflitando nada entre si, vou continuar trabalhando. Acho que estou dando conta. O público está indo ao cinema, a peça aqui em São Paulo está lotada até o fim do ano…”
– E como arranja tempo? “Essa é a pergunta que mais respondo e que eu menos sei responder. Quando eu souber a resposta disso, vou escrever um livro, largar tudo e ficar bilionário. Minha ideia é: ‘Eu vou fazer. É isso que eu gosto de fazer na vida’. Se não fizesse isso eu ia ser mendigo. Para mim não é trabalho. Para mim é a vida. Gosto do que faço e faço o que gosto. Isso é ótimo. As folgas que tenho, trabalho.”
– Achei que as perguntas que você mais respondesse eram sobre humor e sobre o “Medida Certa”. Também, mas as que eu mais respondo são ‘Qual o limite do humor?’ e ‘Como tudo começou?’. Não aguento mais.
– Falando em “Medida Certa”… “Está acabando, né? Perdi 17 cm de circunferência até hoje. E ainda tem mais 20 dias de gravações. Todo mundo está falando que eu tenho 18 anos. Fiquei com cara de menininho. Mas eu não estou morrendo, me exaurindo. Emagrecer é mais fácil para o homem do que mulher, mas pergunta ao Cesar Menotti se está sendo fácil? Não tem segredo, se você fizer exercício e se alimentar melhor, você vai emagrecer naturalmente. Não existe dieta, porque qualquer uma que você fizer vai emagrecer, mas você vai engordar.”
– Você não comeu nada escondido? É tudo o que a gente vê na TV mesmo? “Estou comendo direitinho. No dia da prova me dou ao luxo de, à noite, tomar uma taça de vinho. Não sou do doce, sou do salgado. Fico muito mais triste de não comer uma coxinha do que um chocolate. Mas eu como de tudo. Fico feliz em comer uma cenoura. Meu problema era tempo de fazer exercício. Todo mundo diz que não tem. Mas se achei tempo para minha vida, qualquer pessoa encontra! O que o Atala me ensinou é que não precisa ficar uma hora e meia fazendo exercício, pode ser 20 minutos por dia.”
– O que o dinheiro não compra para você? “Meu silêncio. Porque para eu me calar é difícil. Se me falarem ‘eu te pago para você não fazer essa piada’, eu vou fazer a piada. Mas o dinheiro também não compra… meio clichê isso, mas o amor verdadeiro, dos amigos, da família. Tenho amigos em São Paulo da vida inteira. É a mesma coisa de sempre. Às vezes as pessoas estão tirando foto comigo e meus amigos se perguntam: ‘Mas porque estão tirando foto com o Fabinho?’.”
– E o que você comprou? “Meu apartamento e um carro. Eu não compro nada, não sou de comprar coisas, eu viajo. Final do ano sempre faço uma viagem que acho muito legal. Já fui ao Vietnã, Cambodja, Marrocos, Croácia, agora vou para Tanzânia, Quênia e Ruanda, vou ficar 20 dias por lá. É onde eu gasto meu dinheiro. Eu nunca faço extravagância, de verdade mesmo.”
– Se aos 30 você está tão bem, o que espera dos próximos dez anos? “Quero que o ‘Porta dos Fundos’ se estabeleça cada vez mais, vire um lugar onde eu possa criar, para que seja a minha emissora também, meu espaço para poder fazer o que eu quiser. O meu reality show, meu programa de entrevistas…”
– A internet está ganhando o espaço dela nos meios de comunicação. O que você acha que será o próximo produto produzido online? “Internet é uma coisa que ninguém faz a menor ideia do que acontece. A gente vai lançar um seriado agora com o ‘Porta dos Fundos’. Quinze minutos, uma vez por semana, mesmos atores, mesmo tudo. Lançamos também o canal ‘Portaria’, que a gente responde a perguntas, conversa com o público. Estamos descobrindo o que fazer e vendo se acerta. Ninguém sabe. Se os americanos não sabem, a gente sabe menos ainda.”
– Mas você está na Globo também. Novo projeto? “Não, projeto nenhum. Meu contrato acaba em dezembro. Nada à frente.”
– E se te convidarem para ser galã da novela das nove? “Galã? Comediante é sempre mordomo, feirante, empregada doméstica ou motorista. Nunca vão colocar um comediante como protagonista. Não passaremos por isso.”