Começou nessa semana a montagem de “Ai Weiwei Raiz”, exposição que ocupará, a partir do dia 20 de outubro, a Oca do Ibirapuera e será dedicada à história do artista, reconhecido por sua luta contra a repressão e a violação dos direitos humanos. Considerada a maior retrospectiva já dedicada ao chinês, a curadoria será de Marcello Dantas e dividida em três partes: “Inoculación”, com 30 de suas obras mais relevantes e que já foi apresentado em Buenos Aires e Chile; além dos trabalhos desenvolvidos em quatro ateliês espalhados pelo Brasil, montados especialmente para a mostra no país; e uma sessão de peças que vieram da Europa e serão mostradas pela primeira vez em escala total – algo que a Oca, o maior espaço que ele já expôs, permite.
“Ai Weiwei Raiz” vai apresentar pela primeira vez “Straight” em sua escala total, que pesa 270 toneladas e tem 70 metros de comprimento – medidas de um boeing 747. A obra surgiu após um terremoto na China que afetou uma escola e matou todas as crianças que estava lá soterradas por conta da má qualidade da construção. A obra consiste na remontagem dos ferros que sobraram do lugar e que foram dispostos um ao lado do outro, em formato retilíneo. A ideia foi mostrar que é possível deixá-los reto (reconstruídos) novamente. “Straight” já está no Brasil.
Ai Weiwei, 61 anos, veio ao Brasil cinco vezes apenas neste ano para acompanhar a produção nos ateliês, instalados provisoriamente em Trancoso, Bahia, em Juazeiro do Norte, Ceará, em São Caetano do Sul, São Paulo, e na penitenciária de Tremembé, também na capital paulistana, conhecida como a prisão dos crimes famosos. Nesta última, presidiários foram a mão de obra para a realização da obra “Terezas” feita com cordas ‘pensadas’ para a fuga de mulheres da prisão. Vale lembrar, que este é um universo familiar para Ai Weiwei, crítico do governo comunista chinês, que chegou a ser detido em 2011 pela polícia da China por evasão de impostos.
Já em Juazeiro do Norte foi produzida a instalação “Ex-Votos”, que tem como referência a tradição religiosa nordestina e traz o desenho de partes do corpo que precisam de cura. Para Marcello Dantas, ela será “única” por seu processo inédito, que vai traduzir a busca de Ai Weiwei por formas ancestrais por meio de materiais como madeira, porcelana, couro e ferro.
“Forever” (Bicycles)”, obra das mais relevantes assinadas por ele formada por bicicletas e construída em 2003 que vai ser exibida do lado de fora da Oca, em frente ao Obelisco do Ibirapuera.
Ai Weiwei desembarca em São Paulo no dia 06 de outubro e passará 20 dias no país. Por aqui, ele, que não gosta de nada muito “fancy” e tem como spot favorito na cidade o restaurante A Casa do Porco, de Jefferson Rueda, terá uma agenda intensa. Além de marcar presença no soft opening da mostra, e de festa dedicada à sua abertura, ele vai participar, no dia 10 de outubro, de talk organizado pelo Fronteiras do Pensamento, ministrado por Marcello Dantas. Seu único pedido especial durante a visita ao país é jogar Blackjack com conhecidos – para ele um jogo que revela muito sobre as pessoas. Carro blindado não é uma exigência. Para aproveitar a passagem pela América do Sul, a ideia é ir até a Venezuela para um encontro com a população local. (Por Julia Moura)
“Ai Weiwei Raiz”
De 20 de outubro a 25 de janeiro
Local: Oca Ibirapuera – São Paulo