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Luciana com as filhas Cora e Dahlia para a Animale // Crédito: Henrique Gendre

Luciana Curtis, modelo da geração de Gisele Bündchen e outras tops, é a prova de que a idade não tem sido empecilho para seguir firme e forte na carreira. Diferente de outras épocas, a carreira de modelo tem se tornado cada vez mais longeva: “Mulheres de 40, 50 anos não querem comprar um creme ou uma roupa com uma menina de 15 usando na campanha”, afirma Luciana, que, aos 43 anos, estrela a campanha da Animale em homenagem às mães, que acaba de ser lançada, e faz parte de um projeto chamado ‘Mulheres’, que reúne modelos e atrizes, como Mariana Ximenes, Taís Araújo e Aline Weber.

Luciana vive há muitos anos em Nova York com o marido, o fotógrafo Henrique Gendre, e as filhas Cora, 9, e Dahlia, 6. “No início era trabalho e, no fim, aquela cidade gigante se tornou minha casa. Mas, aos primeiros sinais da pandemia, eles decidiram voltar para o Brasil: “Viemos para cá para ficar perto dos meus pais e da minha sogra nesse momento difícil, caso eles precisem de alguma coisa.” Por essas e outras, seu coração está dividido: “Mesmo estando em São Paulo, tenho falado diariamente com amigos de lá. Eles me mostram pelo FaceTime as ruas vazias. Agora as coisas estão melhorando… essa semana os parques reabriram e, apesar de muitos terem ido tomar sol em um dos primeiros dias quentes do ano, as pessoas seguem tomando as devidas precauções.” Confira nossos papo completo com a top Luciana Curtis, que fala mais sobre Nova York, carreira de modelo, atual situação do Brasil e a possibilidade de voltar para o país pós-pandemia:

Carreira

“Comecei com 14 anos, fui descoberta em uma matinê em SP. O começo foi difícil, fiz um editorial para a Capricho (revista) logo de cara, mas depois demorei um pouco a pegar mais trabalhos. No começo você tem que aprender a lidar com ‘nãos’. Você sai de uma vida em família, com seus pais que te admiram e apoiam, e entra em um mundo onde somos ‘quase’ objetos. Antes as pessoas não tinham muito tato para lidar com meninas tão novas e despreparadas, faziam paredão para escolher modelos para um desfile, falavam das coisas que não gostavam em você na sua cara quando você ainda é muito jovem para não levar para o pessoal. Mas pra mim o mais difícil mesmo foram as primeiras viagens internacionais sozinha. Sempre fui muito apegada à família e a distância era muito triste. Por outro lado sempre sonhei em viajar e a carreira de modelo me trouxe o mundo. Meus pais não queriam que eu fosse trabalhar tão nova, então quando aceitei o convite sabia que teria responsabilidades de um adulto. Sempre levei meu trabalho com respeito e profissionalismo.”

Idade na moda

“Acho que essa questão de idade mudou muito na moda. Mulheres de 40, 50 anos não querem comprar um creme ou uma roupa com uma menina de 15 usando na campanha. Queremos ser representadas e aos poucos as marcas foram vendo a necessidade de ter mulheres de todas as idades vendendo seus produtos. Antes aos 25 as carreiras das modelos já estavam acabando. Hoje tem muitas mulheres da minha geração trabalhando… e muito.”

Luciana, Cora, Dahlia e o cãozinho da família, Nelson // Crédito: Henrique Gendre

Pandemia

“Peguei o comecinho em Nova York, quando ainda não tínhamos muita informação. Peguei supermercados vazios, sem papel higiênico e sem álcool gel, ruas vazias, mas o que mais me impressiona em NY é que apesar de ser uma metrópole enorme é uma das cidades mais humanas que conheço. Passei pelo 11 de setembro, meu bairro foi completamente destruído com furacão Sandy e agora o coronavírus… 0 novaiorquino está sempre pronto para seguir regras e ajudar o próximo. Amo aquela cidade e me parte o coração e saber tudo que está acontecendo por lá. Todas as vidas perdidas, os médicos se matando de trabalhar, todas as pessoas que estão se arriscando para manter a cidade funcionando, os pequenos negócios que estão falindo, o desemprego… Na verdade no mundo todo, né? Sei do meu privilégio de poder ficar em casa e proteger minha família, e sinto muito pelas pessoas que não estão na mesma situação. Mesmo estando em São Paulo, tenho falado diariamente com amigos de lá. Eles me mostram pelo FaceTime as ruas vazias. Agora as coisas estão melhorando… essa semana os parques reabriram e, apesar de muitos terem ido tomar sol em um dos primeiros dias quentes do ano, as pessoas tomaram as devidas precauções. Em Nova York passamos o inverno inteiro esperando pelo primeiro dia quente e quando ele chega a rua fica mais colorida, as pessoas tiram seus casacos pretos e botas pesadas, e trocam por roupas de verão, dá pra sentir a alegria no ar. Este ano foi bem diferente. Também fiquei sabendo do fechamento de muitos lugares que frequentava. Um restaurante do lado de casa que existia desde 1873 e sobreviveu a duas guerras, recessão, 11 de setembro e furacão Sandy, não resistiu ao coronavírus. É muito triste! Conheço o dono, os funcionários… eles têm família e contas pra pagar. Acho que a cidade vai mudar muito. Nem sei como vai ser quando voltarmos para lá.”

Vida em Nova York

“No início era trabalho e, no fim, aquela cidade gigante se tornou minha casa. Minhas filhas nasceram lá, o que tornou o lugar ainda mais importante pra mim. Adoro criar minhas filhas em uma cidade tão diversa e inclusiva. Adoro a liberdade e a segurança que temos lá, a proximidade com a natureza (em 1 hora de trem ou carro você está no meio do mato), adoro usar transporte público, levar minhas filhas para brincar em parquinhos públicos, adoro que minhas filhas podem estudar em escola pública e ter uma educação exemplar, adoro o sentimento de comunidade que temos lá, caminhar pela cidade, adoro conviver com pessoas de todas as nacionalidades, classes sociais, raças e credos… Nova York é muito especial. Eu aprendi a amá-la.”

Brasil

“Penso bastante em voltar pra cá. Nunca me distanciei do Brasil como muitos brasileiros que conheço. Sempre tive uma vida dupla, lá e cá. Esse sentimento cresceu muito agora com a pandemia. Apesar do Brasil estar num momento difícil politicamente, tenho vontade de estar perto dos meus pais, das meninas poderem conviver mais com os avós, frequentarem uma escola em português por um tempo e aprenderem mais sobre a nossa cultura. Ainda não sabemos se voltamos de vez. Não temos como fazer planos agora, mas quando isso tudo passar, quem sabe…”

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