Pela primeira vez em décadas, Woody Allen decidiu dar um tempo na carreira. O cineasta sempre manteve um ritmo de trabalho acelerado que lhe permitiu, ao longo desse período, rodar em média um filme por ano, mas agora ele optou pelo “break” a fim de dedicar mais tempo para si mesmo e também para encontrar novos investidores dispostos a bancarem seus futuros projetos. “Woody ama trabalhar e nunca tira férias. Mas ele vai dar uma parada até resolver essas questões [de financiamento]”, disse uma fonte próxima de Allen ao “New York Post”.
Aos 82 anos, o diretor de “Manhattan” finalizou em novembro as gravações de “A Rainy Day in New York”, que será lançado pela Amazon até o fim do ano, e tem apenas um trabalho agendado por enquanto, ainda sem título e sinopse definidos, e só para 2020. O xis da questão é que Allen ainda não conseguiu levantar o dinheiro necessário para tirar a empreitada cinematográfica do papel, e a própria Amazon, que o contratou em 2016 para uma parceria que prometia ser promissora, deverá ficar a ver navios.
Um dos motivos por trás dessa dificuldade seria o fato de que os filmes dele já não faturam as mesmas somas nas bilheterias de outras épocas douradas de sua carreira, e isso sem falar nas acusações de abuso sexual feitas há anos contra ele por sua filha Dylan Farrow, que voltaram com força desde a ascensão do movimento #MeToo e da subsequente queda de Harvey Weinstein, que sempre o apoiou financeiramente.
Acostumado a sempre ter atores de renome fazendo fila em sua porta, Allen vive desde então uma fase ruim nesse sentido, sendo que vários dos protagonistas de “A Rainy Day…” – que começou a ser filmado antes do escândalo – decidiram doar os cachês que embolsaram para atuar no longa para entidades que apoiam vítimas de abuso sexual
nos Estados Unidos, em um claro protesto contra o veterano da telona. A turma de arrependidos inclui nomes como Timothée Chalamet, Griffin Newman e Rebecca Hall. (Por Anderson Antunes)